Entenda por que 10 presidentes do Brasil foram presos

Desde a proclamação da República, dez presidentes brasileiros — entre eleitos, empossados ou que assumiram interinamente — já conheceram algum tipo de detenção. As circunstâncias variam de investigações criminais a conflitos políticos, golpes e decretos de exceção.
Prisões no período democrático recente
Lula (PT) foi preso em abril de 2018, após condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Cumpriu 580 dias em uma sala adaptada na Polícia Federal de Curitiba até ter a sentença anulada pelo Supremo Tribunal Federal.
Jair Bolsonaro (PL) cumpre prisão domiciliar desde 4 de julho de 2025. A medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que apontou descumprimento de ordem judicial que proibia o ex-presidente de usar redes sociais, mesmo por meio de terceiros.
Michel Temer (MDB) foi preso preventivamente duas vezes em 2019, em desdobramentos da Operação Lava Jato. As detenções, que somaram dez dias, ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ele obteve habeas corpus e não chegou a ser condenado.
Fernando Collor sofreu condenação do STF em 2023 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em abril de 2025, foi preso e, depois, autorizado a cumprir a pena de oito anos e dez meses em regime domiciliar.
Casos durante ditadura e crises políticas
Jânio Quadros foi detido em 1968 por críticas ao regime militar e permaneceu confinado em Corumbá (MS).
Juscelino Kubitschek teve os direitos políticos cassados e foi preso em quartel após o AI-5, em 1968, passando posteriormente a um mês de prisão domiciliar.

Café Filho, afastado da Presidência por problemas de saúde em 1955, foi mantido incomunicável em casa pelo Exército quando tentou reassumir o cargo durante a crise que antecedeu a posse de Juscelino.
Washington Luís foi deposto pela Revolução de 1930, preso e obrigado a partir para o exílio.
Artur Bernardes perdeu a liberdade em 1932, por apoiar a Revolução Constitucionalista, e novamente em 1939, já no Estado Novo de Getúlio Vargas.
Hermes da Fonseca teve a prisão decretada em 1922 pelo presidente Epitácio Pessoa após contestar a repressão contra opositores. Libertado por habeas corpus, morreu meses depois.
Motivações diversas, impacto histórico
Os casos revelam que a perda de liberdade de chefes do Executivo brasileiro costuma acompanhar momentos de tensão institucional, investigações criminais de grande alcance ou mudanças de regime. Do período republicano inicial à atualidade, as prisões refletem disputas de poder, ciclos de exceção e o avanço dos mecanismos de responsabilização judicial.