Kyrgios admite antipatia por Nadal e reacende discussão sobre estilos no circuito de tênis

O australiano Nick Kyrgios, ex-número 13 do ranking da ATP, voltou a chamar atenção no circuito ao revelar, em entrevista a um podcast, que nutria forte antipatia por Rafael Nadal. Segundo o atleta, a postura disciplinada e o método de trabalho do espanhol sempre o incomodaram, a ponto de servir como motivação extra em cada confronto direto. As declarações, feitas nas últimas semanas, renovaram o debate sobre rivalidades e formas de preparação dentro do tênis profissional.
Kyrgios relatou que, diante de Nadal, costumava elevar seu nível competitivo para além do normal, esforço que não se repetia contra outros expoentes como Roger Federer ou Novak Djokovic. Para o australiano, a seriedade do espanhol nos treinos e a constância exibida em quadra contrastam com sua própria filosofia de encarar as partidas de maneira mais leve e divertida. Ao assumir que “não suportava” o rival, o jogador acrescentou que seu objetivo era provar que é possível alcançar resultados expressivos sem seguir o modelo de dedicação extrema simbolizado pelo multicampeão.
Rafael Nadal, por sua vez, construiu a carreira alicerçada justamente em rotinas intensas de preparação física e mental. O espanhol anunciou aposentadoria do circuito regular em 2024, encerrando a passagem com 22 títulos de Grand Slam, porém segue ligado ao esporte. Ele está inscrito nos Jogos Olímpicos de Paris para disputar os torneios de simples e de duplas, ao lado do compatriota Carlos Alcaraz, atual terceiro colocado do ranking mundial. A presença do veterano em uma edição de Olimpíada após a aposentadoria reforça a imagem de atleta obstinado, cuja influência transcende resultados.
O histórico de confrontos entre Kyrgios e Nadal sempre mobilizou torcedores e analistas. As partidas costumam reunir grande público pela intensidade dos pontos e pelo contraste entre perfis. Enquanto o espanhol é reconhecido pela concentração inabalável, o australiano incorpora lances de efeito, conversas com a torcida e comportamentos considerados pouco convencionais para o circuito. A divergência de atitudes em quadra reflete estilos de vida distintos, ampliando o interesse gerado pela rivalidade.
Debate sobre métodos de trabalho
Com as declarações recentes, Kyrgios reacendeu a discussão a respeito de qual abordagem é mais eficiente para alcançar o topo. De um lado, o rigor de Nadal serve de referência para atletas que valorizam disciplina, repetição de movimentos e foco constante em objetivos de longo prazo. Do outro, a proposta do australiano defende espaço para criatividade e para a leveza durante a competição, sem abrir mão de técnica. Especialistas observam que ambos os caminhos podem resultar em vitórias, mas exigem adaptações conforme características individuais.
A carreira de Nadal ilustra o sucesso de um processo metódico. Além dos títulos de Grand Slam, o espanhol é citado por colegas como exemplo de respeito ao adversário e de dedicação plena aos treinamentos, mesmo em fases de lesões. Ex-profissionais e técnicos apontam que a regularidade do ex-número 1 foi determinante para mantê-lo entre os melhores por quase duas décadas, influenciando novas gerações a adotar rotinas semelhantes.
Já Kyrgios vive atualmente um período marcado por desafios físicos. Após disputar a final de Wimbledon em 2022, o australiano passou a enfrentar lesões seguidas, limitando suas participações a apenas um torneio da ATP em 2023. As dificuldades médicas continuaram no ano seguinte, e, em 2025, ele ocupa a 640ª posição do ranking, número que contrasta com o auge obtido poucos anos antes. Mesmo afastado da elite, o jogador mantém visibilidade por meio de declarações polêmicas e pelo estilo de jogo considerado ousado.
Além da antipatia dirigida a Nadal, Kyrgios já criticou publicamente o tempo que alguns rivais demoram para executar o saque, apontando o espanhol como exemplo. O comportamento põe em evidência aspectos disciplinários que ultrapassam a técnica e atingem a convivência no circuito. Para treinadores, tais divergências contribuem para ampliar discussões sobre ritmo de jogo, arbitragem e regulamentos.
Fanáticos por tênis costumam se dividir entre admiradores de métodos mais tradicionais e simpatizantes de abordagens alternativas. A figura de Nadal representa a persistência, enquanto Kyrgios simboliza a autenticidade. Analistas observam, entretanto, que ambos influenciam positivamente o esporte ao oferecer modelos distintos de liderança: um associado ao esforço diário e outro vinculado à espontaneidade.
No momento, Nadal concentra preparação para Paris, torneio que pode marcar uma despedida simbólica em grande palco. Kyrgios, por sua vez, trabalha para retornar às competições, mantendo incerteza sobre datas e ritmo de recuperação. Independentemente dos próximos passos, as declarações do australiano reforçam que rivalidades permanecem sendo componente estrutural do tênis, alimentando debates sobre personalidade, ética e caminhos para o sucesso.
Com perspectivas futuras ainda abertas, o contraste entre os dois jogadores segue relevante para torcedores, atletas em formação e profissionais do circuito, demonstrando que diferentes trajetórias podem coexistir no alto rendimento, cada qual refletindo valores próprios e influenciando a evolução do esporte.