Xbox sob pressão: Microsoft mira 30% de lucro na divisão — A Microsoft estabeleceu uma meta interna de aproximadamente 30% de margem operacional para o Xbox, valor bem acima da média histórica do setor, que oscila entre 17% e 22%. Para alcançar a exigência, a gigante de tecnologia vem cancelando projetos, elevando preços e promovendo cortes em estúdios de desenvolvimento.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, termo que a empresa passou a chamar de “margens de responsabilização” substitui o tradicional “lucro” nas reuniões internas desde 2023, quando a CFO Amy Hood formalizou o novo patamar. Historicamente, a divisão de jogos trabalhava com margens entre 10% e 20%, mas agora se vê pressionada a entregar resultados considerados agressivos pelo mercado.
Xbox sob pressão: Microsoft mira 30% de lucro na divisão
Com a meta em vigor, projetos de alto orçamento como Everwild e o reboot de Perfect Dark foram interrompidos ou adiados, enquanto equipes inteiras sofreram reestruturações. Em julho de 2025, a companhia anunciou demissões que afetaram cerca de 9 000 funcionários — 4% da força de trabalho global — impacto sentido diretamente nos estúdios de games.
O ajuste também chegou ao consumidor. No Brasil, a assinatura Game Pass Ultimate passou de R$ 60 para R$ 120 mensais, justificativa que a Microsoft apresentou ao PROCON alegando inclusão de novos pacotes, como Ubisoft+ Classics e Clube Fortnite. A empresa admite que aumentos “nunca são divertidos”, mas diz ofertar “mais valor” em troca do preço maior.
Analistas como Neil Barbour, da S&P Global Market Intelligence, apontam que margens acima de 30% são normalmente alcançadas apenas por editoras em desempenho excepcional. Para Barbour, a medida coloca o Xbox em linha de “desempenho de elite”, mas acrescenta riscos de médio prazo, pois inovação pode ser sacrificada em favor de projetos mais seguros e com receita recorrente.
Em resposta à reportagem da Bloomberg, um porta-voz da Microsoft declarou que “cada projeto é avaliado conforme prioridades estratégicas”, reconhecendo que decisões difíceis incluem “encerrar o trabalho em algo que não esteja mais funcionando”. A empresa afirma ainda estar “100% focada” no desenvolvimento do próximo console, em parceria com a AMD, e na integração de seu ecossistema entre console, PC, nuvem e dispositivos portáteis.

Funcionários relatam mudança cultural: antes incentivados a “criar os melhores jogos possíveis”, agora precisam justificar retorno financeiro desde a fase de protótipo. Enquanto investidores acompanham de perto o avanço da margem, jogadores temem que a diversidade de lançamentos seja reduzida para atender às metas agressivas.
O futuro do Xbox dependerá do equilíbrio entre criatividade e rentabilidade. Se a Microsoft conseguir manter a inovação mesmo sob fortes metas financeiras, a divisão poderá se fortalecer; caso contrário, o ecossistema corre o risco de perder competitividade.
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Crédito da imagem:Microsoft/Divulgação