Brasília — A federação União Progressista, que reúne União Brasil e PP, oficializou na terça-feira (2) o rompimento com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e declarou apoio a uma candidatura presidencial de direita em 2026. Apesar do anúncio, as duas legendas confirmaram que não pretendem abrir mão de cargos estratégicos na Esplanada, em estatais e em postos regionais.
Ministérios preservados
O comunicado da federação determinou que políticos com mandato que ocupam funções de primeiro escalão deixem o governo até 30 de setembro, sob risco de expulsão partidária. A medida atinge diretamente os deputados licenciados Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte). Entretanto, os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) devem permanecer, segundo dirigentes que os classificam como indicações pessoais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Controle de estatais
O PP seguirá à frente da Caixa Econômica Federal, presidida por Carlos Vieira, nome chancelado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Já o União Brasil mantém influência via Lucas Felipe de Oliveira, presidente da Codevasf, estatal vinculada ao Ministério da Integração e conhecida por concentrar recursos de emendas parlamentares.
As duas siglas também conservam espaços nas diretorias dos Correios, na Telebras, na Anatel e em superintendências regionais de órgãos como Dnocs, Incra e Sebrae. Nos Correios, por exemplo, Hilton Rogério Maia Cardoso (Diretor de Negócios) é ligado a Alcolumbre, enquanto José Rorício Aguiar de Vasconcelos Júnior (Diretor de Administração) foi indicado por Juscelino Filho (União Brasil-MA) e pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Vice-lideranças intactas
Mesmo após o rompimento, União Brasil e PP não devolveram as vice-lideranças do governo no Congresso. No Senado, Dorinha Seabra (União Brasil-TO) e Daniella Ribeiro (PP-PB) continuam nos cargos. Na Câmara, permanecem Damião Feliciano (União Brasil-PB) e Mário Negromonte Júnior (PP-BA). A deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) segue como vice-líder no Congresso.
Reação do Planalto
Integrantes do governo avaliam com ceticismo a profundidade do desembarque. O presidente Lula disse a aliados que primeiro observará o comportamento dos parlamentares em votações decisivas. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou em rede social que quem continuar ocupando cargos federais precisa demonstrar “compromisso com o presidente” e apoiar as pautas do Executivo.

Com grande número de indicações registradas em mapeamento interno, o Planalto admite rever postos caso perceba resistência da federação em agendas consideradas prioritárias.
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Resumo: União Brasil e PP romperam com o governo Lula, mas pretendem manter ministros sem mandato, cargos em estatais como Caixa e Codevasf e vice-lideranças no Congresso. O Palácio do Planalto deve monitorar votações para decidir se retira essas indicações. Continue acompanhando our coverage e receba atualizações em tempo real.
Com informações de Folha de S.Paulo