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Ubisoft afirma que microtransações deixam jogos “mais divertidos” em documento financeiro

Paris, 22 de julho de 2025 – A Ubisoft voltou a defender seu modelo de microtransações em um relatório financeiro anual divulgado nesta semana. No documento de 400 páginas, que detalha a atuação da companhia entre 2024 e 2025, a editora francesa afirma que compras opcionais dentro dos jogos “tornam a experiência mais divertida” ao permitir personalização de avatares ou aceleração de progresso, sempre de forma facultativa.

A estratégia de monetização aparece como um dos pontos centrais do relatório. Segundo a empresa, a chamada “regra de ouro” para títulos premium continua sendo a garantia de que todo o conteúdo principal possa ser concluído sem gasto adicional. Ainda assim, o texto reforça que itens cosméticos e recursos de avanço acelerado permanecem disponíveis para quem desejar investir dinheiro real, prática que, na visão corporativa, traz equilíbrio entre “opcionalidade e justiça”.

Equilíbrio entre sustentabilidade e respeito ao jogador

De acordo com o documento, a Ubisoft procura adotar políticas sustentáveis a longo prazo. A editora afirma que a oferta de microtransações segue normas internas de responsabilidade, consolidadas em um Código de Conduta. Esse conjunto de diretrizes, segundo a companhia, norteia iniciativas voltadas à segurança e ao bem-estar da comunidade, além de exigir transparência nas práticas de cobrança.

No mesmo material, a empresa vê as microtransações como um complemento que aprofunda o envolvimento do público. A Ubisoft sustenta que o modelo “aumenta o aproveitamento” de títulos premium ao expandir as possibilidades de personalização ou ao reduzir o tempo necessário para desbloquear determinados conteúdos. Para a publisher, a presença de itens pagos não compromete a experiência de quem prefere jogar sem desembolsar valores extras.

Reação da comunidade

Apesar da posição oficial, parte dos jogadores continua a contestar o sistema adotado em grandes lançamentos da Ubisoft. Em fóruns como Reddit, tópicos que somam milhares de votos negativos acusam a empresa de inserir mecânicas de pagamento agressivas em praticamente todos os títulos AAA lançados na última década. Publicações descrevem a prática como um “excesso de ganância” e afirmam que a combinação de preço cheio com diversas compras internas prejudica a diversão.

Discussões semelhantes ganharam força na página de Assassin’s Creed Shadows na Steam. Usuários questionam com frequência a extensão das microtransações que deverão acompanhar o jogo, demonstrando preocupação com o impacto sobre a economia interna e o equilíbrio de progresso. Alguns comentários anunciam a intenção de evitar a compra caso os itens pagos sejam considerados excessivos.

Foco em serviços e jogos de mundo aberto

Além do debate sobre monetização, o relatório apresenta as diretrizes de produção para os próximos anos. O executivo-chefe Yves Guillemot reitera que a empresa continuará priorizando títulos de mundo aberto e experiências de serviço contínuo. Essa estratégia, segundo o documento, pretende assegurar receita recorrente por meio de temporadas de conteúdo, passes de batalha e, novamente, microtransações opcionais.

O texto também confirma o adiamento de alguns projetos de grande porte. A Ubisoft declara que prefere destinar tempo adicional ao aperfeiçoamento técnico e à qualidade geral, decisão semelhante à tomada em ciclos anteriores. Entre os títulos com lançamento postergado estão produções de alto orçamento ainda não especificadas, enquanto um novo jogo da série Prince of Persia permanece previsto para 2026.

Código de Conduta e compromisso com transparência

No campo regulatório, a publisher destaca que o Código de Conduta integra políticas de moderação, proteção de dados e prevenção a práticas consideradas predatórias. Há menção a processos de auditoria interna destinados a verificar a clareza das descrições de cada item pago, o que incluiria indicação de probabilidade em caixas-surpresa quando aplicável. A companhia afirma que essas medidas buscam “garantir a confiança do consumidor”.

Mesmo assim, críticos argumentam que a simples existência de conteúdo pago não essencial pode induzir jogadores a investir mais do que pretendiam inicialmente. Entidades de defesa do consumidor em diversos países monitoram a implementação de features como “boosters” de experiência ou pacotes de recursos que encurtam a progressão. Algumas autoridades regulatórias europeias já discutem limites a esse tipo de transação, embora não tenham publicado novas regras até o momento.

Cenário futuro

Para a Ubisoft, o sucesso da estratégia depende de manter alta a taxa de engajamento. O relatório lista métricas que incluem tempo médio em jogo, retorno de usuários ativos e volume de transações por jogador. A empresa aposta que mundos abertos expansivos, somados a eventos sazonais, incentivam visitas frequentes e, consequentemente, maior probabilidade de compras.

A companhia encerra o documento reiterando a convicção de que microtransações são “sempre opcionais” e “pensadas para complementar, não substituir” o conteúdo base. Em paralelo, comunidades on-line permanecem divididas: uma parte considera o modelo aceitável desde que não interfira na jogabilidade, enquanto outra defende a eliminação total de compras internas em jogos vendidos a preço cheio.

Com a proximidade de novos lançamentos, o debate tende a permanecer em evidência. O posicionamento público da Ubisoft intensifica a discussão sobre o equilíbrio entre rentabilidade corporativa e experiência do usuário, tema que continua a mobilizar jogadores, investidores e reguladores ao redor do mundo.

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