Relatório Ipsos 2025 revela pessimismo recorde e reforça espaço para líderes populistas
O Ipsos Populism Report 2025 indica que o descontentamento com a política e a economia atingiu níveis globais inéditos, criando ambiente favorável ao avanço de discursos populistas em diferentes regiões.
Pessimismo em alta e descrédito nas instituições
Segundo o estudo, 63 % dos entrevistados em 31 países acreditam que seus países seguem “na direção errada”. A percepção de “sociedade deteriorada” é partilhada por 56 %, enquanto 68 % afirmam que a economia beneficia apenas “ricos e poderosos”. Outros 64 % consideram que políticos tradicionais “não se importam” com cidadãos comuns, e 47 % desejam um líder forte disposto a romper regras para “colocar o país nos trilhos”.
O levantamento mostra ainda que 58 % defendem que grandes decisões políticas sejam tomadas por referendos, sinalizando ceticismo em relação à representação parlamentar. Esses indicadores sugerem erosão da confiança nos mecanismos democráticos convencionais.
Brasil supera média mundial
No Brasil, 69 % apontam rumo equivocado para o país e 58 % apoiam a figura de um dirigente com poderes ampliados, percentuais superiores à média global. Entre os brasileiros que acreditam ser necessário “retomar o país das elites”, o índice sobe para 71 %.
Diferentes fases do populismo
O relatório identifica estágios distintos desse fenômeno. Em Polónia e Hungria, a adesão a líderes que concentram poder permanece elevada, sustentada por discursos nacionalistas. Já França e Itália apresentam queda de 38 e 26 pontos percentuais, respetivamente, no apoio a dirigentes que desafiam instituições, após experiências de governo populista.
Riscos e alertas
Para a Ipsos, a combinação de insegurança económica, serviços públicos fragilizados e percepção de impunidade fomenta a fadiga democrática e amplia o apelo de soluções simplificadas. O instituto destaca, contudo, que a popularidade de propostas populistas tende a cair quando submetidas à gestão efetiva, como demonstram os números europeus.