Plataforma brasileira de agentes de IA Tess prevê faturar R$ 50 milhões no primeiro ano de operação

A Tess, plataforma de agentes de inteligência artificial criada no Rio de Janeiro, projeta encerrar 2025 com receita de aproximadamente R$ 50 milhões, marca que, segundo a empresa, representará o primeiro ano civil completo de atividades comerciais. O resultado previsto vem após apenas oito meses de funcionamento desde o lançamento oficial, realizado em novembro de 2024.
Nesse período preliminar, a Tess afirma ter alcançado 2,2 milhões de usuários distribuídos em 200 países, indicando rápida penetração internacional. O modelo de negócios se baseia na oferta, por assinatura, de um ambiente que integra versões pagas dos principais modelos de IA do mercado global. A combinação desses algoritmos dá origem a agentes virtuais especializados em tarefas corporativas de áreas como marketing, jurídico, finanças e logística.
A carteira de clientes já inclui companhias de diferentes setores e tamanhos. Entre elas estão iFood, CPFL Energia, Reserva, Grupo Publicis, Stone, Coinbase e Hering. Essas organizações utilizam a Tess para desenvolver agentes que automatizam rotinas específicas, buscam ganhos de produtividade e reforçam a segurança dos dados processados na plataforma.
A empresa foi idealizada pelo empreendedor Rica Barros, também fundador da Pareto, negócio de tecnologia criado em 2012 que atualmente fatura cerca de R$ 40 milhões anuais. Segundo Barros, a trajetória da Tess começou com faturamento aproximado de R$ 20 mil em novembro de 2024 e avançou para cerca de R$ 2,8 milhões em junho de 2025. A expectativa de atingir R$ 50 milhões até dezembro baseia-se no desempenho do primeiro semestre e em projeções de expansão para os próximos meses.
Embora a Tess ainda esteja em estágio inicial, seu crescimento atraiu a atenção de grandes empresas do setor. O Google já investiu mais de R$ 1 milhão na operação, valor que reforça o caixa dedicado a pesquisa e desenvolvimento. Os sócios controladores da Tess são os mesmos da Pareto, e juntas as duas organizações empregam cerca de 100 profissionais. Dentro desse total, a Tess mantém aproximadamente 45 colaboradores focados em engenharia de software, ciência de dados, produto e atendimento ao cliente.
Para sustentar a escalabilidade global pretendida, a Tess prepara um road show internacional em busca de um aporte de US$ 30 milhões. A captação deverá ocorrer até o fim de 2025 e tem início previsto para novembro. De acordo com Barros, a rodagem fora do Brasil se justifica porque os investimentos em inteligência artificial são maiores em mercados estrangeiros, ao passo que a empresa pretende consolidar presença competitiva em diversas regiões ao lado de plataformas internacionais já estabelecidas.
As assinaturas da Tess são contratadas tanto por grandes corporações quanto por médias empresas e profissionais autônomos. Cada usuário pode configurar um portfólio próprio de agentes, adaptando funções a seus fluxos de trabalho. O serviço contempla recursos de governança e criptografia destinados a assegurar a confidencialidade das informações carregadas ou geradas pelos modelos de IA.
O crescimento da base de usuários foi favorecido por uma combinação de fatores: a expansão das aplicações de inteligência artificial em diferentes setores, a demanda por soluções capazes de orquestrar múltiplos modelos de forma centralizada e o interesse de empresas brasileiras em alternativas locais às plataformas estrangeiras. Segundo a Tess, essa demanda tende a aumentar à medida que companhias buscam reduzir custos, agilizar análises e padronizar processos com apoio de automação avançada.
No campo competitivo, a empresa vislumbra disputar mercado com provedores globais que oferecem sistemas de criação de agentes ou assistentes corporativos. Para se diferenciar, a Tess aposta na possibilidade de o cliente combinar modelos de IA distintos em um único ambiente, sem precisar negociar separadamente licenças ou integrar sistemas de diversos fornecedores.
A projeção de receita anunciada considera a manutenção da taxa atual de adesão de novos usuários, a ampliação de contratos com clientes já atendidos e o lançamento de funções que estão em desenvolvimento. Entre as evoluções planejadas estão integrações nativas com sistemas de gestão empresarial, ferramentas de análise de dados e serviços de nuvem, além de novos mecanismos de gestão de conformidade regulatória.
Com a primeira rodada relevante de capital prevista para o exterior, a Tess pretende acelerar contratações em áreas de pesquisa e ampliar sua presença em polos tecnológicos estratégicos. Cada etapa foi planejada para sustentar metas de expansão que incluem aumentar a base de clientes corporativos, reforçar a infraestrutura e elevar o posicionamento da marca entre as plataformas de IA voltadas ao uso profissional.
Se alcançar o faturamento projetado, a Tess encerrará o primeiro ano civil completo com crescimento de mais de mil vezes em relação à receita registrada no mês de lançamento. O desempenho, de acordo com a companhia, reforça o objetivo de consolidar-se como alternativa de origem brasileira em um mercado dominado por gigantes internacionais e de continuar atraindo investimentos para impulsionar a próxima fase de desenvolvimento.