O Google reconheceu que o Android Earthquake Alerts System (AEA) não alertou adequadamente a população sobre os fortes terremotos que atingiram a Turquia em fevereiro de 2023, tragédia que causou mais de 50 mil mortes e 100 mil feridos.
Falha na detecção e alcance limitado
Uma investigação interna concluiu que o algoritmo do AEA subestimou a magnitude do primeiro abalo, classificando-o entre 4,5 e 4,9 na escala Richter, em vez dos 7,8 medidos oficialmente. Como resultado, apenas 469 alertas de ação urgente foram enviados num raio de 158 km do epicentro, enquanto cerca de 500 mil usuários receberam notificações de menor gravidade, silenciosas quando o modo “Não perturbe” está ativo.
O sistema tinha potencial para avisar até 10 milhões de pessoas com segundos de antecedência, tempo considerado suficiente para buscar abrigo. No segundo tremor, ocorrido no mesmo dia, foram disparados 8.158 alertas urgentes e perto de 4 milhões de avisos menos severos.
Revisão de algoritmos e projeções após ajuste
Inicialmente, a empresa afirmou que o AEA havia funcionado corretamente, mas depois admitiu “limitações” nos processos de detecção. Após a revisão do código, uma simulação usando a mesma magnitude registrou 10 milhões de alertas urgentes e 67 milhões de notificações de menor intensidade, indicando avanço significativo na cobertura.
Alcance global e dependência de usuários
Operando em 98 países, o AEA utiliza sensores presentes nos smartphones para identificar vibrações sísmicas, combinando dados de vários aparelhos antes de emitir avisos. O serviço é mantido exclusivamente pelo Google e serve de complemento aos sistemas oficiais de defesa civil, o que, segundo especialistas, aumenta a dependência de governos e cidadãos da tecnologia da empresa.
No Brasil, onde o recurso também está disponível, moradores de São Paulo e Rio de Janeiro receberam um alerta para um suposto terremoto de magnitude 5,5 em 14 de fevereiro deste ano; a Defesa Civil paulista não confirmou abalos na região.
