Open Finance no Brasil libera dados bancários e amplia acesso a crédito

O sistema Open Finance, supervisionado pelo Banco Central do Brasil, permite que correntistas autorizem o compartilhamento dos seus dados financeiros entre bancos tradicionais, fintechs e outras instituições. A iniciativa abre caminho para produtos personalizados, maior oferta de crédito e concorrência direta entre serviços financeiros.
O que é e como funciona o Open Finance
O modelo, também chamado de “sistema financeiro aberto”, baseia-se em interfaces de programação (APIs) padronizadas que interligam as instituições participantes. O processo começa no aplicativo ou site da empresa que receberá as informações. O cliente escolhe o banco de origem, define quais dados serão enviados e determina o prazo de consentimento.
Em seguida, o usuário é direcionado ao banco que detém as informações, onde realiza a autenticação e confirma a operação. Concluída essa etapa, ocorre o redirecionamento final para a instituição de destino, que passa a ter acesso aos dados autorizados.
A implantação foi dividida em quatro fases: a primeira envolveu dados públicos sobre produtos e tarifas; a segunda passou a incluir informações cadastrais e de contas correntes de clientes; a terceira introduziu iniciadores de pagamento, possibilitando, por exemplo, fazer um Pix a partir de outro aplicativo; a quarta adicionou registros de investimentos, seguros e previdência, entre outros.
Benefícios para consumidores e mercado
Ao migrar o histórico financeiro para outra instituição sem começar um relacionamento do zero, o cliente ganha acesso imediato a linhas de crédito e serviços personalizados. O modelo aumenta a competição, pressionando bancos e fintechs a oferecer taxas mais atrativas.
Com dados detalhados sobre renda, transações e perfil de consumo, as empresas conseguem avaliar risco de forma mais precisa. Isso pode ampliar o crédito para públicos antes negligenciados, como microempreendedores e pessoas sem histórico bancário robusto.
Outro ganho é a eficiência: cadastros são preenchidos automaticamente, reduzindo burocracia e agilizando contratações de produtos.

Limites, riscos e segurança
O compartilhamento exige consentimento explícito e tem validade determinada. Quando o prazo expira, a instituição receptora perde o acesso, e o cliente decide se renova ou não a permissão.
Apesar de o ambiente seguir padrões de segurança internacionais, especialistas alertam para possíveis desafios: complexidade para usuários menos familiarizados com tecnologia, exclusão de quem não dispõe de acesso digital adequado e exposição dos dados em caso de falhas fora do ecossistema regulado.
Diferença entre Open Banking e Open Finance
Enquanto o Open Banking se concentrava em contas e operações de crédito, o Open Finance engloba uma gama maior de produtos, incluindo câmbio, seguros, investimentos e previdência. A ampliação aumenta o volume de informações circulando, mas também multiplica as possibilidades de oferta de serviços competitivos.
Regulado, baseado em consentimento e centrado no consumidor, o Open Finance redefine a relação entre brasileiros e instituições financeiras ao colocar o controle dos dados nas mãos do usuário.