Tarifaço de Trump impulsiona mobilização da direita e pressões sobre Moraes nas redes

Monitoramento em tempo real de mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram conduzido pela empresa Palver mostra que a agenda política nas redes se deslocou após o anúncio de novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Desde então, o volume de mensagens favoráveis à direita cresceu e consolidou narrativas críticas ao governo Lula.
Tarifas servem de gatilho para acusação de fragilidade diplomática
Nos grupos observados, usuários alinhados à direita passaram a atribuir o chamado “tarifaço” a uma suposta incapacidade do Executivo de negociar com Washington. Os conteúdos destacam que o Brasil estaria isolado em razão da postura crítica do presidente brasileiro em relação a Donald Trump e da liderança no Brics. Ao mesmo tempo, o apoio público de Trump a Jair Bolsonaro é citado como validação simbólica do ex-presidente junto à base conservadora.
Manifestações e Lei Magnitsky ampliam foco em Alexandre de Moraes
Convocações para atos marcados para 3 de agosto circulam com força nos mesmos canais. Mensagens mencionam a Lei Magnitsky — legislação norte-americana que permite sanções a violadores de direitos humanos — como ferramenta para responsabilizar ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente Alexandre de Moraes. O nome do magistrado permanece entre os mais citados, impulsionado pela expectativa de punições consideradas mais abrangentes pelos usuários.
Direita expõe divisões internas; esquerda ironiza tornozeleira
A análise também identificou desgaste de figuras antes influentes. O deputado Nikolas Ferreira passou a ser questionado em grupos bolsonaristas mais radicais após críticas de Eduardo Bolsonaro, sendo acusado de “moderação excessiva”. Paralelamente, o comentarista Paulo Figueiredo ganhou destaque ao atacar STF, Congresso e até aliados conservadores, frequentemente aparecendo ao lado de Eduardo Bolsonaro.

Do outro lado, grupos progressistas responderam de forma irônica à decisão judicial que impôs tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro. A imagem do dispositivo tornou-se tema de memes, mas sem articulação de narrativa unificada.
Múltiplas frentes dificultam reação do governo
A conjunção de temas — tarifas, tornozeleira, protestos, Lei Magnitsky e disputas internas — cria um cenário fragmentado. Segundo a Palver, essa multiplicidade dificulta a formulação de respostas governamentais, enquanto a direita aproveita a oportunidade para direcionar o debate e manter a mobilização digital.