Tarifaço EUA volta ao centro das atenções depois que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, telefonou ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir as sobretaxas aplicadas aos produtos brasileiros desde agosto.
A conversa, confirmada pelo Itamaraty nesta quinta-feira (9), decorre da videoconferência de segunda-feira (6) entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, quando ambos decidiram abrir um canal direto para tentar solucionar o impasse tarifário.
Tarifaço EUA: Rubio liga para chanceler brasileiro
Lula classificou o diálogo com Trump como “extraordinário” e disse ter ficado surpreso com a receptividade do líder norte-americano. Os dois, que já haviam conversado brevemente à margem da Assembleia-Geral da ONU em setembro, trocaram números de telefone e sinalizaram um possível encontro presencial “em breve”.
Designado por Trump para tocar as negociações, Rubio convidou Vieira a integrar uma delegação em Washington. Segundo nota oficial, o objetivo do encontro é “dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais” e reavaliar a tarifa adicional de 40% imposta em 6 de agosto, que se somou ao percentual básico de 10% fixado em abril.
A medida faz parte da política da Casa Branca de aumentar barreiras de importação para recuperar competitividade frente à China. Entre os itens brasileiros afetados estão café, frutas e carnes, enquanto produtos como suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis ficaram, inicialmente, fora da lista.
Lula reforçou que o Brasil “não quer briga” com os Estados Unidos, lembrando que a relação bilateral já dura 201 anos. “Precisamos mostrar cordialidade e harmonia, não discórdia”, declarou em entrevista à Rádio Piatã. O presidente também afirmou ter explicado a Trump que a elevação das tarifas foi baseada em informações equivocadas sobre a política comercial brasileira.

Com o gesto de Rubio, o Planalto espera inaugurar “outro momento” nas tratativas. Analistas enxergam espaço para revisão das taxas, já que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil. Dados do USTR mostram que, em 2022, o saldo favorável aos norte-americanos passou de US$ 5 bilhões.
O desfecho das conversas poderá afetar cerca de 45% das exportações brasileiras aos EUA, estimadas em 700 produtos. Caso a tarifa adicional caia, setores como o agroindustrial e o de aviação podem recuperar competitividade rapidamente.
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Imagem: Ricardo Stuckert