Tarifa zero no transporte público volta ao centro do debate nacional após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmar que a equipe econômica elabora um estudo detalhado sobre a viabilidade da medida a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) nesta terça-feira (7), Haddad explicou que o levantamento investiga custos, subsídios atuais, participação do vale-transporte e o peso que recai hoje sobre o bolso do trabalhador.
Tarifa zero no transporte público é avaliada pelo governo
O modelo de gratuidade total já funciona em 136 municípios, sobretudo de pequeno e médio porte. Em grandes capitais, como Brasília e São Paulo, a isenção ocorre apenas em domingos e feriados. Segundo Haddad, a “radiografia” do setor inclui ainda a identificação de gargalos tecnológicos e de soluções inovadoras que possam sustentar financeiramente um sistema sem cobrança ao usuário.
O ministro informou que diferentes estudos anteriores estão sendo resgatados pela pasta para embasar a análise atual. A questão do financiamento é considerada crucial: “Queremos verificar se há formas mais adequadas de bancar o transporte urbano”, salientou.
Enquanto o governo realiza o diagnóstico, movimentos sociais intensificam a pressão em Brasília. A Caravana pela Tarifa Zero, organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL) de 6 a 10 de outubro, promove aulas públicas, panfletagem e reuniões com parlamentares para discutir alternativas de implantação da tarifa zero.
Especialistas apontam que subsídios diretos, taxação sobre combustíveis fósseis e reajuste de políticas de mobilidade podem compor o mosaico de financiamento. Experiências internacionais — como a de Tallinn, na Estônia, debatida pelo Banco Mundial — são citadas como referência sobre impactos na arrecadação e no aumento da demanda de passageiros.
O relatório da Fazenda deverá ser apresentado ao presidente Lula até o fim do ano. Caso avance, a proposta exigirá articulação entre União, estados e municípios para definir fontes de receita estáveis e padrões de serviço.
Para acompanhar outras análises de políticas públicas, visite nossa editoria de Notícias e siga atualizado. Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil