Tarifa zero: movimentos cobram transporte gratuito em Brasília. Representantes de coletivos urbanos, sindicatos e partidos de 12 estados estão na capital federal, de 6 a 10 de outubro, para denunciar a crise no transporte público e exigir a expansão da gratuidade nas tarifas em todo o país.
A “Caravana pela Tarifa Zero” reúne o Movimento Passe Livre (MPL), rodoviários, metroviários e demais frentes populares. A agenda inclui aulas públicas, panfletagens, exibição de documentário, audiência na Câmara dos Deputados e reunião na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
Tarifa zero: movimentos cobram transporte gratuito em Brasília
Atualmente, 136 municípios — em sua maioria de pequeno e médio porte — adotam a tarifa zero integralmente. Em capitais como Brasília e São Paulo, o benefício é restrito a domingos e feriados. “Há uma crise terminal no modelo de financiamento e gestão do transporte público”, afirma Paíque Duques Santarém, pesquisador do Observatório das Metrópoles e integrante do MPL.
O debate ganhou fôlego após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitar ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um estudo amplo sobre o tema. Os organizadores da caravana buscam consolidar um espaço permanente de diálogo entre movimentos sociais e governo federal.
A resistência, porém, persiste. Na semana passada, a Câmara Municipal de Belo Horizonte rejeitou proposta que implantaria passagem gratuita na capital mineira em até quatro anos. O texto previa a criação de uma Taxa de Transporte Público destinada a financiar o sistema e recursos provenientes de publicidade, multas e um fundo municipal.
Para o MPL, o modelo baseado em lucro reduziu em 41% o número de passageiros nas últimas décadas, resultando em tarifas mais caras, linhas suprimidas, veículos lotados e manutenção precária. Levantamento da Confederação Nacional do Transporte aponta que 86,7% dos brasileiros defendem financiamento público do setor, e 60% apoiam a tarifa zero universal.
No entendimento dos movimentos, a municipalização da gestão impede soluções estruturais. “Precisamos de entidades nacionais e do reconhecimento do transporte como direito social essencial”, sustenta Paíque.
Ao final da caravana, os organizadores entregarão um dossiê às autoridades federais com propostas de financiamento e gestão participativa para viabilizar a gratuidade em todo o território nacional.
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Crédito da imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil