Tarifa extra de 40% dos EUA põe 24% das exportações minerais do Brasil em risco

O setor mineral brasileiro encerrou o primeiro semestre de 2025 com avanço em produção, faturamento e empregos, mas enfrenta novo desafio com a tarifa adicional de 40% que os Estados Unidos aplicarão a partir de 6 de agosto sobre parte dos produtos nacionais.
Crescimento sólido no primeiro semestre
Dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) mostram faturamento de R$ 139,2 bilhões entre janeiro e junho, alta de 7,5% face a igual intervalo de 2024. As exportações somaram 192,5 milhões de toneladas, aumento de 3,7%, movimentando US$ 20,1 bilhões. Minério de ferro representou 63% desse volume.
Os chamados minerais críticos – como nióbio, vanádio e cobre – geraram R$ 21,6 bilhões, avanço de 41,6%. O segmento encerrou o semestre com 226 mil empregos diretos, após criar 5.085 vagas, e recolheu R$ 48 bilhões em tributos, incluindo R$ 3,7 bilhões de CFEM.
Alvo das novas tarifas norte-americanas
A medida dos EUA incide principalmente sobre rochas ornamentais, caulim e pentóxido de vanádio, itens que juntos representam 24,4% das vendas externas do setor. Pedras decorativas respondem sozinhas por 19,4% das exportações minerais nacionais.
Em reunião com o encarregado de negócios da embaixada norte-americana, o Ibram destacou a relevância da Política Nacional de Minerais Críticos em elaboração pelo governo. O instituto defende negociação focada em transferência de tecnologia, atração de investimentos e diversificação da pauta exportadora.

Possíveis impactos e próximas etapas
A tarifa pode elevar custos de produção em cerca de US$ 1 bilhão por ano, caso haja retaliação sobre máquinas e equipamentos importados dos Estados Unidos. Mesmo assim, o Brasil pretende manter investimentos de US$ 68,4 bilhões no período 2025-2029, sendo US$ 18,45 bilhões dedicados a minerais estratégicos para a transição energética.
Com superávit de US$ 16 bilhões no semestre – equivalente a 53% do saldo comercial brasileiro – o setor vê nas negociações com Washington a oportunidade de preservar o desempenho e ampliar o valor agregado de seus recursos, reforçando cadeias produtivas locais.