Tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros entra em vigor com ampla lista de exceções

Washington, 6 de agosto de 2025 — Passa a valer hoje a tarifa total de 50% aplicada pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros. A taxa combina o imposto recíproco de 10% com uma sobretaxa adicional de 40%.
Como a tarifa será aplicada
A medida atinge cerca de 35% das exportações do Brasil para o mercado norte-americano, mas uma lista de 694 exceções reduz a alíquota média efetiva para algo entre 29% e 31%, segundo estimativas de consultorias financeiras. Remessas já embarcadas que cheguem aos EUA até 5 de outubro ficarão isentas, graças a uma regra de transição incluída na ordem executiva assinada por Donald Trump em 30 de julho.
O Brasil enfrenta a nova tarifa um dia antes de outros países que também receberam anúncio semelhante. A Casa Branca justificou a decisão como resposta a supostas violações à liberdade de expressão relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Setores mais expostos e os protegidos
O Nordeste terá impacto direto em frutas frescas, pescados e calçados, enquanto o Centro-Oeste perde competitividade em carnes e café. Sul e Sudeste foram parcialmente poupados pela exclusão de segmentos de maior valor agregado, como aviação e celulose. A retirada do suco de laranja da lista de produtos taxados reflete a dependência dos EUA do fornecimento brasileiro.
Projeções económicas
Estimativas de mercado apontam para redução de 0,15 a 0,2 ponto percentual no PIB brasileiro de 2025. O governo prepara linhas de crédito subsidiado e outras medidas de apoio aos setores afetados, além de recorrer formalmente à Organização Mundial do Comércio.

Reação do mercado
A divulgação das exceções provocou alívio imediato. O Ibovespa subiu quase 1% no dia do anúncio, com destaque para Embraer e Suzano, beneficiadas pela exclusão de aeronaves e celulose. O dólar recuou de R$ 5,60 para R$ 5,49 no mesmo período.
Analistas observam incertezas sobre o efeito da tarifa nos preços internos, mas o Banco Central prefere aguardar dados adicionais antes de revisar projeções de inflação ou de crescimento.