Steam e Itch.io eliminaram centenas de títulos classificados como adultos depois de receberem notificações de empresas de pagamento, entre elas Visa, Mastercard, PayPal e Stripe. Segundo comunicados das plataformas, a remoção atende a novas cláusulas que vinculam a permanência de conteúdos aos padrões das processadoras.
Como a crise começou
O episódio ganhou força a partir de 14 de julho de 2025, quando a organização australiana Collective Shout enviou carta aberta às redes de cartão solicitando a suspensão de serviços para lojas que hospedassem jogos com violência sexual ou fetiches específicos. Dois dias depois, a Valve incluiu na política da Steam um item que veta títulos que contrariem as regras dos parceiros financeiros. Em 18 de julho, a empresa confirmou o início da retirada de obras +18.
No mesmo período, o Itch.io desindexou todos os conteúdos marcados como NSFW (not safe for work) e iniciou auditoria interna. Relatório independente contabiliza mais de 20 mil jogos ocultados ou removidos da busca.
Reação de jogadores e criadores
A medida motivou protestos online. Usuários passaram a divulgar contatos de atendimento de Visa e Mastercard com instruções para pressionar executivos. Uma petição criada em 17 de julho superou 150 mil assinaturas, defendendo a liberdade de escolha de conteúdo.
Desenvolvedores também se manifestaram. O diretor Yoko Taro, conhecido por “Nier”, alertou que o controle indireto exercido por processadoras ameaça a liberdade de expressão. Já a Associação Internacional de Desenvolvedores de Jogos (IGDA) qualificou a situação como “alarmante” e pediu transparência na moderação de games adultos.
Posicionamento das empresas de pagamento
Em resposta a reclamações, a Visa afirmou por e-mail que processa transações legais sem “julgamentos morais”, mas exige salvaguardas adicionais quando identifica “risco elevado de ilegalidade”. Na prática, essa exigência transfere a responsabilidade às lojas, que optam por remover títulos para não comprometer todo o sistema de cobrança.
Próximos passos
O Itch.io declarou que revisará caso a caso os jogos retirados e restabelecerá aqueles que estiverem em conformidade. A Valve não detalhou critérios nem divulgou lista de obras afetadas, o que gera incerteza entre criadores que dependem da receita de conteúdo adulto.
Enquanto isso, a campanha de jogadores contra as operadoras continua ativa em fóruns e redes sociais. Entidades do setor observam o desenrolar da disputa, apontando risco de que decisões financeiras definam os limites de expressão em produtos culturais.
