O pastor Silas Malafaia afirmou que líderes evangélicos que não se manifestam diante do confronto entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), são “covardes” e “omissos”. A declaração foi dada em entrevista na última terça-feira (2), primeiro dia do julgamento de Bolsonaro na Corte.
Investigado no mesmo inquérito que apura a atuação de Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Malafaia teve passaporte, telefone celular e cadernos de esboços bíblicos apreendidos em operação da Polícia Federal realizada em agosto. O religioso financiou manifestações em defesa do ex-presidente, gravou mais de 50 vídeos contra Moraes e trocou áudios privados com Bolsonaro incentivando a produção de conteúdo crítico ao magistrado.
Três perfis de líderes evangélicos
Para Malafaia, há três grupos de pastores que evitam se posicionar politicamente: os que preferem não tratar de assuntos eleitorais, os que, segundo ele, temem represálias e aqueles “sem preparo para argumentar”. O pastor diz que, após se tornar investigado, alguns colegas passaram a evitar contato com ele.
Possibilidade de prisão
O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo afirma não descartar a chance de ser preso, o que, em sua visão, configuraria “perseguição política e religiosa”. Ele sustenta que não teve participação nas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil durante o governo Donald Trump e nega ligação com autoridades estrangeiras.
Financiamento de atos bolsonaristas
Malafaia reconhece ter bancado atos pró-Bolsonaro com recursos da editora Central Gospel, sem utilizar contas da igreja. Em 7 de Setembro de 2022, revelou ter gasto R$ 35 mil no trio elétrico usado pelo então presidente em Copacabana. O pastor não informa valores totais das despesas e afirma tratar-se de questão “particular”.
Planos eleitorais descartados
Entre líderes evangélicos, circula a ideia de que o pastor poderia disputar a Presidência em 2026. Malafaia rejeita o projeto: “Não sou candidato a nada, nem a quinto carimbador de condomínio”, afirma, dizendo-se apenas “uma voz profética” com “pequena influência” no meio evangélico.
Operação da PF em agosto
Malafaia estava em Portugal quando soube, pela imprensa, que passara a constar no inquérito do STF. Ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, agentes federais realizaram busca e apreensão em suas malas, recolhendo documentos pessoais e materiais religiosos. O pastor interpreta a apreensão dos cadernos bíblicos como indício de perseguição.
Relação com a família Bolsonaro
O pastor mantém amizade de 20 anos com Jair Bolsonaro, a quem oficializou o casamento com Michelle em 2013. Diz falar com frequência com o ex-presidente, um pouco menos com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e raramente com Eduardo e Carlos Bolsonaro. Em áudios vazados, chamou Eduardo de “babaca”, o que, segundo ele, demonstra liberdade para criticar a família.

Direita em 2026
Sobre a disputa por uma liderança à direita nas próximas eleições, Malafaia considera normais os atritos e aposta que o grupo se unirá “lá na frente”. Classifica como “afronta” indicar desde já um substituto para o inelegível Bolsonaro.
Uso de palavrões
Os áudios tornados públicos mostram o pastor usando expressões de baixo calão. Ele afirma não esconder ser “humano” e que jamais se apresentou como “Superman evangélico”. Cita passagens bíblicas para justificar eventuais deslizes na fala.
Malafaia estará novamente na avenida Paulista neste domingo, 7 de Setembro, liderando ato em apoio a Bolsonaro. “Não tenho medo de ser preso por Moraes”, enfatiza.
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Com informações de Folha de S.Paulo