Setor quântico atrai bilhões, mas limitações técnicas adiam uso amplo em IA

18/08/2025 – 20h00: A computação quântica movimentou entre US$ 650 milhões e US$ 750 milhões em 2024 e pode ultrapassar US$ 1 bilhão em receitas já em 2025. Apesar do avanço financeiro e da previsão de um mercado de US$ 97 bilhões até 2035, a tecnologia ainda enfrenta obstáculos de engenharia que retardam sua aplicação em larga escala, sobretudo em inteligência artificial (IA).
Qubits frágeis e sistemas “barulhentos”
Os computadores quânticos processam informações por meio de qubits, capazes de assumir simultaneamente os estados 0 e 1 graças à superposição. Quando interligados, esses qubits apresentam emaranhamento quântico, fenômeno que, em teoria, permite aceleração exponencial de cálculos. Na prática, porém, vibrações, variações de temperatura e interferências eletromagnéticas desestabilizam os qubits em milissegundos, gerando ruído e decoerência que limitam o desempenho das máquinas atuais.
Previsões de curto e médio prazo
O setor trabalha com dois marcos: vantagem quântica consistente a partir de 2026, iniciando pelas simulações químicas, e computadores totalmente tolerantes a falhas por volta de 2029. Para muitos especialistas, três anos representam um intervalo crítico diante do ritmo acelerado da inovação digital.
IA ajuda a estabilizar o hardware quântico
Enquanto a computação quântica não alcança maturidade, empresas recorrem à própria inteligência artificial para aprimorar os sistemas. Algoritmos de aprendizado de máquina detectam e corrigem erros, ajustam o controle de qubits e desenvolvem códigos de correção mais eficientes. O uso de IA permite reduzir desvios antes que se propaguem, tornando os equipamentos ligeiramente mais estáveis.
Gargalo de entrada e saída de dados
Outro desafio pouco discutido é a lentidão na transferência de informações. Modelos de IA lidam com terabytes de dados contínuos, mas computadores quânticos atuais demoram para carregar conjuntos extensos e devolver resultados processados, eliminando parte da vantagem teórica de velocidade.
Financiamento recorde e corrida geopolítica
Em 2024, governos destinaram US$ 1,8 bilhão a pesquisas quânticas, enquanto o Japão anunciou mais US$ 7,4 bilhões em 2025. Além disso, startups do segmento captaram quase US$ 2 bilhões no último ano, alta de 50% frente a 2023. Os aportes refletem a importância estratégica atribuída à tecnologia e a preocupação de nações e empresas em não ficar para trás.
Casos de uso já testados
Apesar das limitações, algumas aplicações começam a sair do laboratório. Na descoberta de medicamentos, computadores quânticos mostram vantagem ao modelar moléculas, que são sistemas intrinsecamente quânticos. O setor financeiro também experimenta algoritmos capazes de otimizar portfólios em espaços de possibilidades exponenciais. Já a criptografia quântica, considerada teoricamente inviolável, deve movimentar até US$ 14,9 bilhões em 2035, embora permaneça restrita a nichos altamente especializados.

Escalonar continua sendo o maior desafio
Os protótipos mais avançados operam com poucas centenas de qubits, exigindo ambientes controlados que custam milhões de dólares. Para cada qubit lógico funcional pode ser necessário empregar centenas ou milhares de qubits físicos destinados à correção de erros. A meta de máquinas com milhões de qubits estáveis depende de avanços em materiais, criogenia e física de estado sólido.
Enquanto a promessa quântica não se concretiza, empresas mantêm equipes reduzidas de pesquisa e firmam parcerias com universidades ou fornecedores de nuvem quântica, buscando acompanhar o progresso sem comprometer o orçamento operacional.
O ritmo dos investimentos e os primeiros resultados em áreas específicas indicam que a tecnologia continuará evoluindo, mas a adoção generalizada em inteligência artificial ainda exige superar barreiras técnicas essenciais.
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Com informações de TecMundo