Sanção de Trump a Moraes não impulsiona retorno político de Eduardo Bolsonaro, dizem aliados

Aliados próximos ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) avaliam que a inclusão do ministro Alexandre de Moraes na lista de sanções dos Estados Unidos, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump com base na Lei Magnitsky, não assegura a recuperação do capital político do parlamentar.
Aliados veem isolamento crescente
Segundo integrantes da direita e do centrão ouvidos reservadamente, o deputado passou as últimas semanas elevando o tom contra diferentes figuras, inclusive os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo). O endurecimento do discurso, dizem, afastou parte do eleitorado moderado e de lideranças que até então o apoiavam.
Após a confirmação das penalidades a Moraes, Eduardo celebrou a medida e declarou que “várias batalhas” ainda estão por vir, sinalizando continuidade na estratégia de confronto. A postura é vista como contraproducente por parte do seu próprio grupo, que teme novo desgaste junto a aliados e à opinião pública.
Tarifas dos EUA complicam cenário
Parlamentares ligados ao PL destacam que a recente sobretaxa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros criou um ambiente desfavorável. Mesmo com algumas exceções para alimentos, minérios e itens de aviação civil, o aumento tarifário foi interpretado como prejuízo direto ao setor produtivo nacional, o que dificulta a defesa do deputado fora do círculo mais radical.
Integrantes da sigla relatam preocupação com declarações de Eduardo, como o vídeo em que sugere a empresários brasileiros transferirem investimentos para território norte-americano. Para assessores políticos, a mensagem reforça críticas de que ele estaria priorizando pautas externas em detrimento de interesses locais.
Tensões internas na família Bolsonaro
Pessoas próximas a Jair Bolsonaro afirmam que o ex-presidente adota posição mais pragmática e se incomoda com disputas públicas que envolvem o filho. Relatos indicam que o senador Flávio Bolsonaro atuou recentemente para amenizar atritos entre pai e filho, após o ex-chefe do Executivo classificar o deputado como “imaturo”.

A permanência prolongada de Eduardo nos Estados Unidos também é motivo de debate. Interlocutores estimam que um eventual retorno ao Brasil dependeria de cenários considerados improváveis: anistia a Bolsonaro e impeachment de Moraes. Até lá, o parlamentar permanece como articulador do bolsonarismo no exterior, mas com espaço reduzido para projetos eleitorais em 2026.
Cautela entre apoiadores
Lideranças do centrão evitam confrontar publicamente o deputado para não romper pontes com o bolsonarismo, embora reconheçam “acirramento” em suas declarações. Parte dos aliados defende aguardar os próximos desdobramentos das sanções americanas antes de qualquer reposicionamento.
Dentro do PL, a avaliação consensual é que a vitória diplomática contra Moraes não reverte, por si só, o desgaste acumulado. Sem sinal claro de moderação, Eduardo continua a enfrentar resistência para reconquistar espaço além do núcleo mais fiel ao ex-presidente.