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Registro confirma que “Preta” integra nome civil da cantora, morta aos 50 anos

A cantora e empresária carioca Preta Gil morreu neste domingo, 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em decorrência de complicações de um adenocarcinoma no intestino. A artista estava em Nova York e viajava com frequência para Washington, onde recebia um tratamento experimental depois de quase dois anos de enfrentamento da doença.

Filha do músico Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta nasceu em 1975 e recebeu no cartório o nome completo de Preta Maria Gadelha Gil Moreira. O registro só foi possível após o pai questionar a negativa inicial do escrivão, que alegava que “Preta não era nome de gente”. Para liberar o documento, o tabelião exigiu a inclusão de um prenome católico, solução que veio com o acréscimo de “Maria”, sugerido pela avó materna. Embora tenha cogitado alterar o nome durante a infância por causa de bullying escolar, a cantora manteve a escolha da família e a transformou em marca artística.

O diagnóstico de câncer foi confirmado em janeiro de 2023. Naquele ano, ela iniciou um ciclo de quimioterapia e radioterapia no Brasil. Em agosto de 2024, passou por uma cirurgia que durou 14 horas para remoção de tumores. Meses depois, novos focos da doença apareceram, exigindo uma segunda operação, desta vez com 21 horas de duração. Com a recidiva, a equipe médica recomendou um protocolo experimental nos Estados Unidos, opção que levou a artista a se dividir entre Nova York, onde se hospedava, e Washington, onde as sessões eram aplicadas. Mesmo com a sequência de intervenções, o quadro se agravou e resultou no óbito.

Antes de dedicar-se integralmente à música, Preta Gil formou-se em Produção e trabalhou em publicidade. O primeiro álbum, Prêt-à Porter, saiu em 2003, quando ela tinha 29 anos, e trouxe o hit “Sinais de Fogo”, escrito por Ana Carolina. Em 2005 veio o disco Preta, que apresentou as faixas “Muito Perigoso” e “Eu e você, você e eu”. O terceiro trabalho de estúdio, Noite Preta, lançado em 2010, originou uma turnê que percorreu o país por sete anos.

No mesmo período, a artista criou o espetáculo Baile da Preta, formato que misturava MPB, forró, axé, funk e pop. Em 2012, lançou Sou como Sou e, para celebrar uma década de carreira, gravou o DVD Bloco da Preta, reunindo convidados de diferentes gêneros. O bloco de carnaval homônimo, criado por ela no Rio de Janeiro, chegou a atrair mais de 500 mil foliões pelas ruas do centro em 2017.

Também em 2017, apresentou o sexto álbum, Todas as Cores, com participações de Pabllo Vittar, Marília Mendonça e Gal Costa. Quatro anos depois, em 2021, gravou “Meu Xodó” ao lado do filho Francisco, conhecido como Fran, em projeto que a própria cantora descreveu como fundamental para a retomada da rotina musical durante o tratamento oncológico.

Além da discografia, Preta atuou em novelas e séries, incluindo “As Cariocas”, “Ó Paí, Ó” e “Vai que Cola”. No mercado de entretenimento, tornou-se sócia da agência Mynd, responsável pelo gerenciamento de carreiras de artistas como Luísa Sonza, Pabllo Vittar e Camilla de Lucas.

A artista deixa os irmãos biológicos Pedro e Maria, e cinco meio-irmãos: Nara, Marília, Bem, José e Bela Gil. O legado construído em vida inclui a defesa de diversidade sonora, a valorização da identidade negra em seu próprio nome de registro e iniciativas que conectaram música, carnaval e empreendedorismo cultural.

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