Recuperação judicial do Vasco volta ao centro das atenções após diversos credores protocolarem pedidos de impugnação da assembleia que aprovou o plano do clube em 9 de outubro.
Os questionamentos, apresentados na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, apontam falhas de quórum, entrega tardia de versão aditiva do plano e cláusulas supostamente ilegais. Entre os autores estão sete ex-atletas, advogados e o ex-volante Wendel, cujo crédito trabalhista soma R$ 19.941.940,74.
Recuperação judicial do Vasco pode ser anulada por credores
Credores trabalhistas pedem que a juíza descarte votos emitidos com procurações consideradas irregulares e solicitem a íntegra da gravação da Assembleia Geral de Credores (AGC), realizada em um hotel na zona oeste do Rio de Janeiro.
Durante a reunião, o ex-atacante Valdir Bigode votou a favor do plano, mas definiu o documento como “horroroso” e distante da realidade de seu crédito. Seu advogado frisou que o voto refletiu apenas a falta de alternativa viável no momento.
Outro foco de polêmica é a criação da subclasse “Beneméritos Parceiros”. Advogados alegam que o grupo foi instituído sem transparência, privilegiando determinados credores em detrimento de outros com direitos equivalentes, contrariando o princípio de tratamento isonômico previsto na legislação.
O Banco Bradesco, um dos dez votos contrários, rejeitou a possibilidade de novação das dívidas sem garantias, criticou a supressão de garantias originais e questionou a cláusula que impede a falência imediata em caso de descumprimento, substituindo-a por nova assembleia deliberativa.
A decisão final cabe à Justiça, que poderá homologar o plano ou declarar sua nulidade à luz das impugnações. De acordo com a Lei de Recuperação Judicial (11.101/2005), qualquer irregularidade processual pode levar à invalidação da assembleia e à retomada das negociações entre devedor e credores.
Se o plano for rejeitado, o Vasco corre o risco de enfrentar nova assembleia — ou até a retomada do pedido de falência —, cenário que prolongaria a incerteza sobre o pagamento de dívidas estimadas em centenas de milhões de reais.
O clube ainda não se pronunciou oficialmente sobre as contestações, enquanto os credores aguardam o despacho da magistrada para saber se a recuperação judicial seguirá adiante ou sofrerá uma reviravolta.
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Crédito da imagem: Matheus Lima/CRVG