Pugilista carioca supera pobreza e chega à seleção juvenil — Nascido no Morro do Borel, Nélson Júnior transformou becos e vielas em ringues improvisados até conquistar, esta semana, a cobiçada vaga na seleção brasileira juvenil de boxe.
O atleta de 17 anos, com 80 quilos, viu a estatística que afeta 32 milhões de jovens em situação de pobreza e a presença de 88 facções criminosas alcançar 26% da população brasileira virar pano de fundo para uma história de superação.
Pugilista carioca supera pobreza e chega à seleção juvenil
A equipe nacional se reúne para aclimatação em Santo Amaro, São Paulo, entre 21 e 31 deste mês. A convocação coroa uma década de dedicação de Nélson ao projeto social Boxe do Borel, fundado pelo técnico Uidson Ferreira, ex-detento que canalizou a dor pela perda da irmã Maria Eduarda, morta em Acari, em um centro de formação esportiva.
Tricampeão estadual — duas vezes na categoria Cadete (75 kg) e uma na Juvenil (80 kg) — o pugilista também coleciona dois bronzes nos Brasileiros Cadete 2024 e Juvenil 2025. Ao todo, são três anos competindo no alto rendimento, período em que passou a sonhar mais alto que os morros da Tijuca.
“Faltam recursos, mas sobram talentos na comunidade”, resume Nélson, que deseja servir de referência às crianças locais. O incentivo principal vem de casa: seu pai, ex-líder comunitário que já cumpriu pena, tornou-se o maior fã e torcedor do filho.
Além dos treinos na tradicional Delfim Academia, o jovem cursa o Ensino Médio, anima festas infantis e realiza serviços de pintura e jardinagem para ajudar nas despesas familiares. A rotina intensa reforça disciplina e mantém o foco dentro e fora do ringue.
Com apoio do técnico e de parceiros, Nélson mira voos mais altos. O primeiro objetivo é firmar-se na seleção, participar de torneios internacionais e, a médio prazo, buscar uma vaga olímpica. Ele acompanha de perto as diretrizes do Comitê Olímpico do Brasil, fonte de inspiração e parâmetros de desempenho.
Disposição e esperança acompanham cada golpe desferido pelo pugilista carioca, que há dois anos disputa competições oficiais pelo país. Se o sonho olímpico parece distante, a convocação prova que o futuro campeão já está em contagem regressiva.
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Crédito da imagem: Foto: André Durão
