Empresa investigada pela PF soma R$ 10,8 bilhões em repasses federais desde 2014

A LCM Construção e Comércio, alvo de operação da Polícia Federal (PF) que apura supostas fraudes em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP), já recebeu cerca de R$ 10,8 bilhões do governo federal desde a sua criação, em 2014.
Contratos bilionários com o DNIT
Dados do Portal da Transparência indicam que a empresa mantém contratos com diversas superintendências estaduais do DNIT que, somados, chegam a mais de R$ 23 bilhões no período. O pico de contratações ocorreu em 2023, primeiro ano do atual governo, quando foram empenhados aproximadamente R$ 10 bilhões. Durante a administração anterior, os acordos totalizaram R$ 6,9 bilhões.
Entre os contratos recentes estão serviços de manutenção na BR-235, na Bahia, firmados em dezembro de 2024, e obras emergenciais na BR-470, em Passo Fundo (RS), assinadas em outubro do mesmo ano. A companhia atua em quase todos os estados, com exceção das superintendências do DNIT em São Paulo e Goiás.
Operação Route 156 e principais suspeitas
Lançada na terça-feira, 22 de julho, a Operação Route 156 investiga um possível esquema de direcionamento de licitações e desvio de recursos em contratos de manutenção e recuperação da BR-156, no Amapá. Segundo a PF, ao menos quatro pregões eletrônicos, que somam R$ 60 milhões, teriam sido fraudados.
O presidente da LCM, Luiz Otávio Fontes Junqueira, foi alvo de busca e apreensão em Nova Lima (MG). A decisão judicial aponta suspeita de lavagem de dinheiro por meio de saques fracionados que totalizariam R$ 680 mil. Durante a ação, três carros Porsche foram apreendidos.
Também foram cumpridos mandados contra o superintendente do DNIT no Amapá, Marcello Linhares, afastado do cargo por dez dias. A investigação menciona ainda o empresário Breno Chaves Pinto, suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, suspeito de atuar para liberar verbas.
Posicionamentos
Em nota, a LCM afirmou não haver irregularidades nos processos licitatórios em que participou e garantiu colaborar com as autoridades. A defesa de Alcolumbre declarou que o senador não mantém relação com as empresas envolvidas na operação. O DNIT informou que coopera com a investigação, repudia práticas fraudulentas e mantém política de integridade interna para apurar os fatos.