PP e União Brasil formalizam federação com críticas a Lula e expectativa de romper com ministérios

Brasília – PP e União Brasil confirmaram nesta terça-feira (19) a criação de uma federação partidária de quatro anos durante convenção na capital federal. O ato reuniu dez governadores, 109 deputados federais e concentrou discursos de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de aplausos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar.
Pressão por saída do governo
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), protagonizou a fala mais extensa e recebeu o maior número de aplausos ao defender que filiados dos dois partidos entreguem os cargos que ocupam no Executivo federal. “O partido tem que ter lado”, afirmou, acusando Lula de “roubar os aposentados” e “entregar o país ao narcotráfico”.
A reivindicação foi endossada pelo secretário-executivo do União Brasil, ACM Neto, pré-candidato ao governo da Bahia. Segundo ele, a nova sigla precisa se posicionar “contra o PT” para representar “o lado do povo brasileiro”.
Atualmente, quatro ministérios são controlados por indicações de PP ou União Brasil: Turismo (Celso Sabino), Esporte (André Fufuca), Comunicações (Frederico Siqueira Filho) e Desenvolvimento e Integração Nacional (Waldez Góes). Os dois últimos não compareceram ao evento.
Divisão sobre candidatura presidencial
Caiado anunciou pré-candidatura ao Planalto, mas não encontrou respaldo entre os principais dirigentes. Para ele, cada legenda deveria lançar um nome no primeiro turno, deixando a união da direita para uma eventual segunda etapa. Já o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), rebateu a estratégia: “Talvez não seja a hora de sermos a cabeça”.
Favorito da cúpula para 2026, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) classificou a federação como “passo esperado” para discutir reforma política, crise fiscal e financiamento do SUS. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) participou como convidado, disse estudar filiação a um dos partidos e defendeu união “da centro-esquerda à centro-direita”.
Bolsonaro é aplaudido
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), pediu palmas ao ex-presidente Bolsonaro, prontamente atendido. Nenhum representante do PT esteve presente. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, marcou presença, mas evitou o palco e entrevistas.
Impacto eleitoral
A federação atuará unificada nas eleições de 2026 e 2028, somando votos para Câmara e assembleias. Com 109 deputados, formará a maior bancada da Casa, superando PL (88) e a federação PT/PV/PCdoB (80). No Senado, chegará a 15 cadeiras após a esperada filiação da senadora Margareth Buzetti (MT).

Na mesma terça, o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, trocou o PSDB pelo PP, tornando-se o terceiro chefe de Executivo estadual do partido, ao lado dos governadores de Roraima e Acre. O União Brasil governa Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.
Em entrevista após a convenção, Ciro Nogueira e o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, declararam que a orientação para que filiados deixem o governo será definida “o mais rápido possível”, preferindo persuadir os ministros a entregarem os cargos, sem necessidade de expulsão.
Com robusta fatia dos fundos partidário e eleitoral, além do maior tempo de propaganda em rádio e TV, a nova federação desponta como peça central do xadrez político de 2026.
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Com informações de Folha de S.Paulo