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Orçamento secreto direciona R$ 71 milhões a construtora investigada pela PF

A LCM Construção, alvo de investigação da Polícia Federal (PF) por supostas fraudes em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Amapá, recebeu aproximadamente R$ 71 milhões em emendas de relator, conhecidas como “orçamento secreto”. O montante integra um total de cerca de R$ 418 milhões destinados à empresa por meio de emendas parlamentares desde 2016, segundo registros do Portal da Transparência.

Destinação das verbas

Grande parte dos recursos foi encaminhada ao Dnit para obras de manutenção ou adequação de rodovias. As emendas de bancadas estaduais somaram R$ 276 milhões, enquanto as de comissões alcançaram R$ 69 milhões. O modelo de repasses sem identificação dos autores — declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2022 por falta de transparência — voltou a ser questionado em 2024, quando o ministro Flávio Dino suspendeu liberações semelhantes até que houvesse rastreabilidade.

Alvos da Operação Route 156

A LCM é investigada por suposto favorecimento em licitações que totalizam R$ 60 milhões para a pavimentação da BR-156 no Amapá. Laudos periciais apontam propostas sem desconto ou até acima do preço de referência, o que indicaria competição simulada. O presidente da companhia, Luiz Otávio Fontes Junqueira, é suspeito de participar do direcionamento dos certames e de lavagem de dinheiro por meio de saques fracionados, estimados em R$ 680 mil.

A operação conduzida pela PF e pela Controladoria-Geral da União cumpriu 11 mandados de busca e também mirou o superintendente afastado do Dnit no estado, Marcello Linhares, e o empresário Breno Chaves Pinto, segundo suplente do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). De acordo com a polícia, Breno utilizava influência política para liberar verbas, embora o parlamentar não esteja entre os investigados.

Posicionamentos

Em nota, a LCM afirma não ter cometido irregularidades e declara estar à disposição das autoridades. A assessoria de Davi Alcolumbre nega qualquer relação do senador com as empresas citadas e defende o esclarecimento dos fatos. O Dnit informou colaborar com as investigações, reiterando a existência de políticas internas antifraude e anticorrupção.

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