Operação Korban: PF liga senador a contador suspeito de desviar verba de emendas

A Polícia Federal descreveu ao Supremo Tribunal Federal uma relação estreita entre o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e o contador Adriano Marrocos, um dos principais alvos da Operação Korban, que apura o desvio de recursos públicos destinados ao Circuito de Jogos Digitais do Distrito Federal.
Relatório enviado ao STF
Em documento tornado público após decisão do ministro Flávio Dino, a PF afirma que Marrocos é a “força política” por trás da Associação Moriá, organização social que recebeu verbas parlamentares para executar o projeto educacional. Embora não haja indícios de conversa direta entre o senador e os investigados sobre o desvio, o relatório aponta que ambos “nutrem relação bastante próxima”. A corporação destaca a presença frequente de Marrocos em pelo menos dez sessões solenes ou audiências requeridas por Izalci nos últimos 14 anos.
Verbas e suspeita de sobrepreço
A investigação indica que, em 2023, Izalci destinou R$ 9,4 milhões em emendas para quatro entidades; desse total, R$ 7,5 milhões foram para a Moriá. A Controladoria-Geral da União calcula que cerca de 90% dos valores recebidos pela associação foram repassados a empresas terceirizadas, duas delas ligadas ao próprio Marrocos e à esposa. O esquema, segundo a PF, funcionava por meio de contratos com sobrepreço e repasses sucessivos, gerando um prejuízo estimado em R$ 13,2 milhões.
Medidas judiciais
Para impedir novos desvios, o ministro Flávio Dino determinou o sequestro de bens dos envolvidos e o bloqueio de contas bancárias no valor de R$ 25 milhões. Durante a operação, 16 mandados de busca foram cumpridos no Distrito Federal e outros três estados.

Posicionamentos
O senador Izalci Lucas não foi alvo das buscas. As assessorias do parlamentar e de Adriano Marrocos ainda não responderam aos pedidos de esclarecimento. Já a Associação Moriá declarou estar à disposição das autoridades para comprovar a regularidade de suas atividades.