Partido Novo agenda para 16 de agosto o lançamento da pré-candidatura de Romeu Zema à Presidência

O Partido Novo definiu 16 de agosto, em São Paulo, como a data para oficializar a pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, à Presidência da República. A legenda planeja reunir cerca de 2.000 pessoas no evento e afirma que a iniciativa conta com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo comunicado do partido, Zema encontrou-se com Bolsonaro em 14 de julho, ocasião em que informou pessoalmente a intenção de disputar o Planalto em 2026. De acordo com o relato, o ex-presidente reagiu positivamente e incentivou a movimentação, destacando a conveniência de haver múltiplos nomes identificados com a direita no primeiro turno.
A pré-candidatura de Zema surge em um cenário marcado pela inelegibilidade de Bolsonaro até, pelo menos, 2030. Nesse contexto, governadores que orbitam o campo conservador são apontados como possíveis postulantes. Entre eles, o paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) desponta como o nome mais forte, mas também são mencionados Ratinho Junior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Eduardo Leite (PSD-RS). Além dos chefes de Executivo estaduais, integrantes da família Bolsonaro, como Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aparecem em especulações sobre a disputa.
Para o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, o histórico eleitoral de Zema em Minas Gerais demonstra que o governador pode repetir em âmbito federal o desempenho que o levou do desconhecimento ao cargo em 2018. Naquele pleito, ele venceu o segundo turno com mais de 70 % dos votos, após começar a campanha em terceiro lugar nas pesquisas.
Em entrevista concedida no mês passado, Zema afirmou que, se eleito presidente, concederia indulto a Bolsonaro e só concorreria caso o ex-mandatário permaneça impedido de disputar o cargo. O governador disse ver com satisfação o fato de a direita dispor de várias alternativas e reiterou a expectativa de que Bolsonaro recupere os direitos políticos. “Se ele for candidato, a direita trabalhará unida em torno de seu nome”, declarou na ocasião.
Na mesma conversa, Zema classificou a existência da ditadura militar como “questão de interpretação”, posicionamento que repercutiu entre historiadores e setores políticos. Dias depois, em 18 de julho, ele voltou aos holofotes ao criticar a operação da Polícia Federal que resultou na determinação do Supremo Tribunal Federal para que Bolsonaro utilizasse tornozeleira eletrônica. O governador qualificou a medida como “ato absurdo de perseguição política” e, ao lado do ex-presidente, tem participado de manifestações que pedem anistia a investigados por atos considerados golpistas.
A relação entre Zema e Bolsonaro, contudo, nem sempre foi linear. Em 2018, o Partido Novo lançou João Amoêdo à Presidência, mas, em debate televisivo na reta final do primeiro turno, o então candidato mineiro fez menção a Bolsonaro ao conclamar eleitores que desejavam “candidatos diferentes”. A aproximação foi decisiva para sua virada eleitoral.
Durante a pandemia de Covid-19, o governador mineiro adotou tom crítico em relação ao Planalto, afirmando que o governo federal “subestimou a periculosidade” do vírus. Já na eleição de 2022, embora reconhecesse que Bolsonaro era “impulsivo em suas falas”, declarou não enxergar risco de ruptura democrática decorrente desse comportamento.
Em 2024, ano de eleições municipais, Bolsonaro esteve duas vezes em Belo Horizonte para apoiar a candidatura de Bruno Engler (PL) à prefeitura. Apesar da aliança entre os partidos no espectro nacional, Zema não compareceu aos atos de campanha, mantendo posição de neutralidade pública no pleito da capital mineira.
Com o ato de 16 de agosto, o Novo pretende ampliar a visibilidade nacional de seu único governador e reforçar a estratégia de apresentar uma opção liberal-conservadora à sucessão presidencial. A sigla avalia que o lançamento prévio, dois anos antes das eleições, é essencial para consolidar o nome de Zema em mercados eleitorais onde ele ainda é pouco conhecido.
Embora a pré-candidatura seja considerada irreversível dentro do partido, dirigentes ressaltam que o projeto poderá ser revisto caso o cenário político mude, sobretudo se Bolsonaro recuperar a condição de elegibilidade. Até lá, a velocidade da construção da campanha dependerá da receptividade do público e da capacidade de Zema de se projetar além das fronteiras mineiras.
O evento em São Paulo marcará a primeira grande agenda nacional do governador desde sua reeleição, em 2022. A expectativa é que ele apresente linhas gerais de um programa baseado na experiência administrativa em Minas Gerais, destacando equilíbrio fiscal, privatizações e reformas estaduais como cartões de visita para a disputa presidencial.