Netflix atribui prejuízo de US$ 619 mi a tributo no Brasil marca o principal destaque do balanço financeiro da gigante do streaming para o terceiro trimestre de 2025. A companhia registrou uma despesa inesperada envolvendo a CIDE, o que reduziu drasticamente o lucro operacional.
A empresa informou nesta terça-feira (21/10) que a provisão de US$ 619 milhões (R$ 3,34 bilhões) referente a uma disputa tributária com o governo brasileiro derrubou seu lucro operacional para US$ 3,24 bilhões. Sem esse ajuste, a meta de rentabilidade teria sido superada, de acordo com o comunicado aos acionistas.
Netflix atribui prejuízo de US$ 619 mi a tributo no Brasil
Segundo o diretor financeiro Spencer Neumann, o montante cobre o período de 2022 até o terceiro trimestre de 2025 e reflete decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que ampliou o alcance da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O imposto, cerca de 10% sobre determinados pagamentos ao exterior, foi classificado pelo executivo como “o custo de fazer negócios no Brasil”.
No balanço, o gasto aparece como custo de receita, reduzindo a margem operacional em mais de cinco pontos percentuais. A Bloomberg estima que o lucro final ficou cerca de US$ 400 milhões abaixo do projetado por analistas.
Neumann lembrou que a Netflix havia vencido, em 2022, uma ação de instância inferior contra a cobrança da CIDE sobre serviços sem transferência de tecnologia. A decisão do STF em agosto de 2025, porém, mudou o entendimento jurídico e levou a empresa a registrar a despesa em seus resultados.
Apesar do impacto tributário, a receita global avançou 17% ano a ano, alcançando US$ 11,5 bilhões, em linha com a previsão. Entre os destaques de audiência do período estão a segunda temporada de “Wandinha”, o filme “Um Maluco no Golfe 2”, o sucesso sul-coreano “Guerreiras do K-pop” e a luta de boxe entre Canelo Álvarez e Terence Crawford.
A companhia também ressaltou ter batido recorde de participação trimestral na audiência de TV nos EUA e no Reino Unido. Para 2026, planeja iniciar transmissões de canais ao vivo na França, reforçando a estratégia de diversificação de conteúdo.

No mesmo dia da divulgação do balanço, rumores sobre possível compra de parte da Warner Bros. Discovery circularam no mercado. O CEO Ted Sarandos, contudo, negou interesse em adquirir conglomerados tradicionais, afirmando que o foco permanece no crescimento orgânico e em tecnologias próprias, como inteligência artificial generativa.
Neumann concluiu que a CIDE é um fator isolado e não deverá afetar materialmente os próximos resultados da companhia.
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Crédito da imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog