Mulher de ex-procurador do INSS, a médica Thaisa Hoffmann Jonasson permaneceu em silêncio durante quase todo o depoimento desta quinta-feira (23) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social.
Amparada por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a empresária disse que não responderia a perguntas capazes de levá-la à autoincriminação. Segundo sua defensora, Izabella Hernandez Borges, existe inclusive pedido de prisão preventiva contra a depoente.
Mulher de ex-procurador do INSS silencia na CPMI do Senado
Integrantes da CPMI apontam Thaisa como suposta “laranja” em esquema que teria desviado pelo menos R$ 18 milhões de aposentados e pensionistas. Investigações indicam que a maior parte desse montante veio de contas controladas pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, acusado de movimentar cerca de R$ 2 bilhões em descontos irregulares.
Documentos enviados ao relator Alfredo Gaspar (União-AL) mostram que duas empresas de Thaisa — Curitiba Consultoria e Centro Médico Vitacare — receberam quase R$ 11 milhões do lobista. Outra firma, a THJ Consultoria, teria embolsado R$ 3,5 milhões de um núcleo do esquema sediado em Sergipe.
O modus operandi, conforme descreveu o relator, envolvia a falsificação de autorizações de idosos para que se tornassem “mensalistas” de associações e sindicatos. Convênios com o INSS permitiam descontar automaticamente as supostas mensalidades dos benefícios.
Numa das poucas respostas, Thaisa afirmou que os valores se referem a pareceres médicos prestados a partir de 2022. “Meu objetivo é oferecer protocolos que melhorem a qualidade de vida dos idosos”, declarou. Ela comprometeu-se a entregar documentos à comissão.
Gaspar também citou reportagem sobre a negociação de um imóvel de R$ 28 milhões em Balneário Camboriú e a compra de carros de luxo, como um Porsche, pelo ex-procurador Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho após a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025.

Para o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a estratégia da depoente foi “bem orientada”, mas os indícios permanecem. Na parte da tarde, será ouvido o próprio Oliveira Filho, afastado do cargo por decisão judicial e suspeito de receber R$ 11,9 milhões de entidades investigadas.
Mais detalhes sobre o andamento da comissão podem ser acompanhados no portal oficial do Senado (https://www12.senado.leg.br/noticias), que divulga atas e vídeos das audiências.
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Crédito da imagem: Lula Marques/Agência Brasil