Morre Preta Gil, cantora e empresária que marcou a música, o carnaval e o marketing de influência

Preta Gil morreu neste domingo, 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em decorrência de um câncer no intestino diagnosticado em janeiro de 2023. Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, a artista estava em tratamento contra um adenocarcinoma e chegou a passar por cirurgias de 14 e 21 horas na tentativa de conter a doença.
A carreira de Preta Gil começou fora dos palcos. Antes de assumir o microfone, trabalhou como produtora na Dueto Filmes, experiência que lhe deu contato direto com a publicidade e a organização de projetos culturais. A virada para a música ocorreu aos 28 anos, quando decidiu investir no canto. Um ano depois, lançou o álbum de estreia, “Prêt-à Porter”, que trouxe a faixa “Sinais de Fogo”, composta por Ana Carolina especialmente para sua voz.
Em 2005, a cantora apresentou o segundo disco, “Preta”, com as canções “Muito Perigoso” e “Eu e você, você e eu”. O terceiro trabalho, “Noite Preta”, chegou em 2010 e impulsionou uma turnê nacional que se estendeu por sete anos, consolidando a presença da artista em palcos de todo o país. Logo depois surgiu o show “Baile da Preta”, formato que mesclava MPB, forró e funk e ampliou ainda mais a conexão da artista com o público.
O carnaval ganhou protagonismo na trajetória de Preta Gil em 2013, quando ela lançou o DVD “Bloco da Preta” para celebrar dez anos de carreira. O bloco de rua, criado no Rio de Janeiro, cresceu rapidamente: em 2017, levou mais de 500 mil foliões ao centro da cidade. A agremiação se tornou um marco dos festejos cariocas e continuou atraindo milhões de participantes nas edições seguintes.
Entre os lançamentos de estúdio, a cantora disponibilizou “Sou como Sou” em 2012 e, cinco anos depois, “Todas as Cores”. Esse sexto álbum contou com colaborações de Pabllo Vittar, Marília Mendonça e Gal Costa, reforçando a proposta de reunir diferentes estilos e gerações da música brasileira. Já em 2021, Preta gravou a faixa “Meu Xodó” ao lado do filho, Fran, projeto que ela descreveu como parte de seu processo de recuperação artística e pessoal após o diagnóstico de câncer.
Além da música, Preta Gil esteve presente na televisão. Participou de novelas e séries como “As Cariocas”, “Ó Paí, Ó” e “Vai que Cola”. Sua atuação transitou entre personagens de ficção e participações especiais que aproveitaram sua popularidade como cantora.
No campo empresarial, a artista cofundou, em 2017, a agência de marketing de influência Mynd, ao lado de Fátima Pissarra e Carlos Scappini. A companhia atua em duas frentes principais: desenvolve campanhas digitais para marcas como Unilever e Mondelez e gerencia a carreira de mais de 400 influenciadores, entre eles Lore Improta, Pabllo Vittar e Luísa Sonza. O objetivo da empresa é profissionalizar o mercado de influência em um cenário nacional que reúne mais de 10 milhões de criadores de conteúdo. Somente no Instagram, segundo dados da Nielsen, existem 500 mil perfis com pelo menos 10 mil seguidores, demonstrando o tamanho do setor que a Mynd ajuda a estruturar.
A fusão de atividades artísticas com gestão de negócios transformou Preta Gil em referência de versatilidade. No estúdio, no palco, nos blocos de carnaval ou nas reuniões de planejamento da Mynd, a artista buscou integrar as experiências acumuladas desde os tempos de produtora. Sua morte encerra uma trajetória iniciada em meados dos anos 1990, marcada pelo lançamento de seis álbuns de estúdio, turnês prolongadas e um bloco que se tornou parte do calendário oficial do carnaval brasileiro.
Preta Gil deixa familiares, amigos e admiradores, além de um legado que envolve música, entretenimento e empreendedorismo digital. O Bloco da Preta e a Mynd continuarão como iniciativas estruturadas durante sua carreira e que seguem ativas, refletindo o impacto da cantora e empresária no cenário cultural e no mercado de influência do país.