Ministério do Trabalho acumula recuos e Luiz Marinho vira alvo de cobranças de Lula

Brasília, 10 de julho de 2025 – Após um ano e meio à frente do Ministério do Trabalho, Luiz Marinho soma derrotas em pautas consideradas prioritárias e tem sido pressionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a entregar resultados. Entre recuos, projetos engavetados e pouca influência em decisões econômicas, o ministro – amigo de longa data de Lula – passou a ocupar posição secundária na Esplanada e já admite deixar o cargo em abril para disputar a reeleição como deputado federal.
Participação limitada em pacote contra o tarifaço
A falta de protagonismo ficou evidente na elaboração do programa de socorro às empresas atingidas pelo aumento de tarifas de importação anunciado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. Enquanto centrais sindicais e a pasta de Marinho defendiam a recriação de um mecanismo semelhante ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), de 2015, o Ministério da Fazenda optou por linha de crédito subsidiado atrelada à manutenção de postos de trabalho. A proposta de redução de jornada com complementação salarial, apoiada por Marinho, acabou excluída.
Auxiliares do ministro reconhecem que a equipe teve “participação pequena” no pacote. Marinho sequer esteve nas reuniões com representantes do setor privado que definiram o desenho final da medida.
Promessas não entregues
Desde que assumiu, em janeiro de 2023, Marinho colocou como meta principal acabar com o saque-aniversário do FGTS. A ideia enfrentou resistência do sistema financeiro e não avançou no governo. Em fevereiro deste ano, o próprio ministro declarou ter desistido por “falta de apoio político”.
Outra iniciativa considerada chave – a regulamentação dos motoristas de aplicativos – também perdeu força. Após dois anos de negociações, o projeto enviado ao Congresso prevê remuneração mínima de R$ 32,09 por hora, salário equivalente a um mínimo e contribuição de 7,5% ao INSS. A proposta, porém, foi criticada por motoristas e plataformas, e será revisada por comissão especial instalada nesta terça-feira na Câmara, presidida pelo deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), que classificou o texto como “muito ruim”.
Em junho, a pasta sofreu novo revés: pela quinta vez, foi adiada – agora para 1º de março de 2026 – a portaria que restringe o trabalho em feriados no comércio, após pressão de entidades empresariais e da Frente Parlamentar do Empreendedorismo.
Cobrança pública de Lula
Na semana passada, durante evento no Palácio do Planalto, Lula questionou publicamente a demora para regulamentar a Lei Paul Singer, sancionada em dezembro de 2024, que cria a Política Nacional de Fomento ao Associativismo e ao Cooperativismo. “Foi mais fácil aprovar a lei do que regulamentar. Onde é que está o problema?”, indagou o presidente, embora tenha chamado Marinho de “irmão” no mesmo discurso.
Poucas vitórias
Entre os resultados positivos, aliados do ministro citam a política permanente de valorização do salário mínimo, aprovada no ano passado, e a Medida Provisória que liberou temporariamente o saldo do FGTS para trabalhadores demitidos entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2025 que aderiram ao saque-aniversário – apesar de manter o bloqueio dos valores em caso de demissão.

Sucessão e cenário no Congresso
No governo, é dado como certo que Marinho permanecerá na pasta até abril, prazo limite para desincompatibilização eleitoral. A expectativa é que, ao sair, indique o atual secretário-executivo, Francisco Macena, para o comando do ministério. Integrantes da equipe atribuem as dificuldades a um Congresso considerado “hostil” a pautas trabalhistas e à falta de articulação política do próprio ministro.
Com a agenda empacada e as cobranças se intensificando, a permanência de Marinho na linha de frente das negociações trabalhistas dependerá do avanço – ou não – dos projetos que carrega desde o início da gestão.
Com informações de InfoMoney
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