Lula desafia Trump e critica aliados de Bolsonaro em evento do PAC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou um ato do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Osasco (SP) para rebater a sobretaxa de 50 % aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e questionar o apoio de aliados de Jair Bolsonaro (PL) ao ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Tarifas e “mentira” sobre perseguição
Lula afirmou que Trump foi “induzido a acreditar em uma mentira” de que Bolsonaro estaria a ser perseguido no Brasil, argumento que, segundo ele, motivou a nova tarifa. O chefe do Executivo defendeu diálogo, mas deixou um aviso: “Não quero brigar, mas, se quiserem continuar, vai ter”. Também declarou que, caso a invasão ao Capitólio tivesse ocorrido no país, Trump seria julgado da mesma forma que Bolsonaro responde no Supremo Tribunal Federal.
Comparação histórica e críticas a big techs
No discurso, o presidente comparou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a Joaquim Silvério dos Reis, delator de Tiradentes, classificando o ato de recorrer a Trump como “traição”. Citou ainda que apoiadores bolsonaristas “tomaram” símbolos nacionais, como a bandeira e a camisa da seleção, para pedir intervenção estrangeira.
Lula aproveitou o evento para defender a regulação de plataformas digitais, alegando que as empresas precisam cumprir a legislação brasileira e combater discursos de ódio. Segundo o presidente, o Brasil gastou 23 bilhões em serviços de tecnologia com companhias norte-americanas em 2023 e acumula déficit de 410 bilhões de dólares nesse setor em 15 anos.

Imagem: redir.folha.com.br
Outros temas abordados
O petista mencionou o programa Celular Seguro, criado para reduzir furtos de smartphones, mas afirmou que o crime costuma envolver pessoas pobres contra vítimas igualmente vulneráveis. Também refutou críticas à comunicação governamental, dizendo que não se trata de “nós contra eles”, mas de “eles contra nós”. Durante o pronunciamento, um manifestante gritou “ladrão” e foi retirado pela segurança; Lula pediu calma ao público e disse que não aceitaria provocações.