Lula critica guerra em Gaza e cobra Estado palestino ao receber, neste sábado (25), o título de doutor “Honoris Causa” em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global, concedido pela Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya.
Diante de acadêmicos e autoridades, o presidente brasileiro condenou a “brutalidade do genocídio em Gaza” e a “inércia moral” que impede a criação de um Estado palestino, destacando a mobilização de comunidades universitárias pelo fim do conflito.
Lula critica guerra em Gaza e cobra Estado palestino
Lula também rechaçou o uso de tarifas comerciais como instrumento de coerção. Sem citar nomes, afirmou que países que resistem ao colonialismo e à lógica da Guerra Fria “não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”. A declaração ocorre após o aumento de 50% nas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida anunciada no início de agosto.
Defesa do multilateralismo e reformas globais
Ao exaltar o multilateralismo, o chefe do Executivo afirmou que a reforma das instituições internacionais é essencial para enfrentar desafios contemporâneos. Segundo ele, sem maior representatividade, o Conselho de Segurança da ONU permanecerá “inoperante”. Dados da Organização das Nações Unidas mostram que o órgão não passa por mudanças estruturais significativas desde 1965.
Lula classificou como “inaceitável” o fato de países ricos deterem nove vezes mais poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) do que as nações do Sul Global. Para o presidente, o protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) agravam desigualdades, exigindo o fim de mecanismos que, há séculos, mantêm o financiamento do mundo desenvolvido “às custas das economias emergentes”.
Desigualdade e modelo econômico
O presidente também criticou o neoliberalismo, citando que 3 mil bilionários acumularam US$ 6,5 trilhões desde 2015 — montante superior ao Produto Interno Bruto nominal somado da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e do Brasil.
Próximos compromissos na Malásia
Lula permanece no país até terça-feira (28). A agenda inclui reunião neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir a sobretaxa sobre produtos brasileiros, além de encontro com empresários malaios e da Asean.
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Imagem: Ricardo Stuckert/PR