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Lira intervém e Motta reassume Câmara após 30 h de ocupação bolsonarista

Brasília — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou à cadeira de comando na noite de quarta-feira (6) depois de 30 horas de paralisação provocada por parlamentares de oposição. A retomada só ocorreu após mediação do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Bloqueio paralisou votações por mais de um dia

Na terça-feira (5), deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ocuparam as mesas dos plenários da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão domiciliar decretada pelo Supremo Tribunal Federal. Em sistema de revezamento, permaneceram no local durante a madrugada, impedindo qualquer sessão deliberativa. A Polícia Legislativa isolou as áreas, permitindo apenas a entrada de congressistas.

O grupo exigia que fossem pautados projetos de anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, além do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes e limitações à atuação do STF em processos envolvendo parlamentares.

Negociação evitou sanções mais duras

Ao longo de quarta-feira, Motta se reuniu com líderes partidários para buscar um acordo. Chegou a anunciar a possibilidade de suspender por seis meses o mandato de quem continuasse a bloquear a Mesa Diretora. A ameaça não surtiu efeito imediato, e a sessão marcada para 20h30 só começou depois das 22h, quando Lira, com trânsito entre governistas e oposicionistas, interveio diretamente.

Para reassumir o lugar, Motta levou mais de seis minutos atravessando o corredor formado pelos manifestantes. A cadeira só foi desocupada depois de intensa conversa envolvendo o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL).

Ao retomar os trabalhos, o presidente da Câmara declarou que manifestações são legítimas, mas devem respeitar o regimento interno e a Constituição. Segundo ele, “o país precisa estar em primeiro lugar”.

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Senado mantém resistência a pressões

No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) anunciou sessão virtual para esta quinta-feira (7) e sinalizou que as reuniões presenciais serão retomadas na próxima semana, mesmo sob eventual obstrução. Ele descartou colocar em votação pedidos de impeachment contra ministros do STF, alegando que essa decisão cabe exclusivamente à Presidência da Casa.

Alcolumbre afirmou não aceitar “intimidações” e garantiu que o Parlamento continuará a examinar projetos de interesse público, como a proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda.

Próximos passos

Com o plenário desocupado, líderes partidários buscam consenso para retomar a pauta legislativa. A oposição mantém a defesa da anistia e do impeachment, enquanto governo e maioria dos partidos dizem priorizar matérias econômicas. Nos bastidores, permanece a possibilidade de abertura de processos disciplinares contra deputados que lideraram a ocupação.

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