Kings Sneakers estreia nos EUA e já lida com tarifa de 50% imposta por Trump

Igor Morais, fundador da Kings Sneakers, iniciou o negócio em 2006 com um empréstimo de R$ 300, convertido em R$ 600 depois de revender CDs na Galeria do Rock, em São Paulo. A iniciativa originou uma rede de moda urbana que hoje fatura R$ 350 milhões anuais e opera mais de 170 franquias no Brasil.
Da loja subterrânea à rede nacional
A primeira unidade funcionava num porão de 12 m², espaço herdado do pai de Morais. Sem funcionários, o jovem de 15 anos assumia todas as funções, desde o caixa até a limpeza. Ao incorporar tênis importados na vitrine, a loja atraiu MCs, DJs e grafiteiros, consolidando-se como ponto de cultura streetwear. A expansão ocorreu por meio de franquias desenvolvidas internamente, mantendo apenas a loja original própria na Galeria do Rock.
Chegada ao mercado norte-americano
Após dois anos de preparação, a Kings estreou um site nos Estados Unidos em inglês e espanhol, com estoque local e foco inicial na Flórida, Califórnia e Nova York. O investimento foi de US$ 500 mil, com meta de faturar US$ 100 mil até o fim de 2025 e US$ 500 mil em 2026. Diferentemente do modelo brasileiro, o portfólio americano é totalmente autoral, sem itens de gigantes como Nike ou Adidas. A primeira loja física no país é planejada para o prazo de até dois anos.
Tarifa de 50% complica planos
Um dia após o lançamento do site, o ex-presidente Donald Trump, em campanha, anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1.º de agosto. A medida pode elevar custos e afetar a competitividade da Kings. Morais afirma estar pronto para fabricar nos EUA, caso necessário, contando com parceiros locais para mitigar o impacto.
Pressões internas e diversificação
No Brasil, a rede compra mercadorias com até um ano de antecedência, convivendo com variações cambiais e previsões de consumo. Atualmente, 8% do faturamento já vem da marca própria de vestuário, reforçando identidade e margem. Em 2024, Morais lançou o selo musical Sombras para promover artistas ligados ao universo urbano, ampliando o alcance cultural da empresa.
Com presença consolidada no país de origem e os primeiros passos no exterior, a Kings Sneakers enfrenta desafios cambiais, tarifários e logísticos, mas mantém a aposta na cultura streetwear como diferencial competitivo.