O cantor João Gomes, de 22 anos, decidiu abandonar o consumo de bebidas alcoólicas depois de ser diagnosticado com esteatose hepática, condição conhecida popularmente como gordura no fígado. A revelação foi feita durante conversa no Instagram com o influenciador Emersonyslley.
Rotina de shows e sinais de alerta
Conhecido por uma agenda intensa, João Gomes chegou a realizar 37 apresentações por mês. Nesses eventos, costumava ingerir pelo menos duas doses de cachaça por espetáculo. O excesso levou o artista a notar sinais da doença e a optar pela abstinência. Nas primeiras semanas sem álcool, afirmou ter enfrentado alucinações e irritabilidade, efeitos que diminuíram com o tempo. Apesar da decisão, bebidas continuam disponíveis no camarim para visitas.
O que é a esteatose hepática
A esteatose hepática ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Estimativas apontam que cerca de 30 % dos brasileiros apresentam o problema. Entre as principais causas estão obesidade, diabetes, colesterol elevado e consumo exagerado de álcool.
A endocrinologista Marília Bortolotto, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, ressalta que não existe quantidade segura de bebida alcoólica para o fígado. Ingerir mais de dois drinques por dia aumenta o risco de desenvolver a doença.
Sintomas, diagnóstico e gravidade
No estágio inicial, a condição costuma ser assintomática. Com a progressão, podem surgir dor no abdómen superior direito, cansaço, fraqueza, perda de apetite, aumento do fígado, inchaço abdominal, dores de cabeça frequentes e dificuldade para emagrecer. O médico Marcos Pontes, da Clínica Evoluccy, observa que aproximadamente 70 % dos portadores desconhecem o quadro, o que dificulta o diagnóstico precoce. A doença é classificada em três graus, conforme o volume de gordura acumulada.
Prevenção e reversão
Adotar alimentação equilibrada, praticar atividade física regular e reduzir o consumo de álcool são medidas fundamentais para prevenir a esteatose hepática. Outras recomendações incluem limitar alimentos ricos em sódio, gorduras saturadas e açúcares, dar preferência a frutas, legumes e verduras e evitar ultraprocessados. Acompanhamento médico e controle de peso também são indicados, sobretudo para pessoas com fatores de risco.
Em estágios iniciais, a doença pode ser revertida. De acordo com a médica Marília Fonseca, reduzir entre 7 % e 10 % do peso corporal melhora a inflamação e pode reverter a fibrose hepática. Sem tratamento, entretanto, a condição pode evoluir para inflamação crónica, cirrose e até câncer de fígado, além de aumentar o risco de infarto, AVC e outros tipos de câncer.
