IA acelera análises e apoia decisões no mercado financeiro, aponta especialista

A adoção de sistemas de inteligência artificial (IA) no mercado financeiro brasileiro avançou de forma consistente nos últimos meses, segundo o economista Sérgio Santos, professor da Saint Paul Escola de Negócios. Em entrevista concedida em julho de 2025, o especialista afirmou que a tecnologia já integra a rotina de analistas, gestores e investidores ao reduzir o tempo necessário para pesquisas e produção de relatórios.
Ferramenta ganha espaço em meio à volatilidade
Santos explica que modelos baseados em Processamento de Linguagem Natural agilizam tarefas que demandavam semanas, entregando relatórios em minutos. A IA é usada para:
• Analisar dados históricos: identifica padrões e tendências em grandes bases de informação.
• Avaliar perfis de risco: segmenta investidores a partir de questionários e dados comportamentais.
• Sugerir alocação de ativos: propõe distribuições entre renda fixa, ações e fundos com base no perfil do cliente e nas condições do mercado.
• Gerar relatórios automáticos: consolida notícias, indicadores e gráficos em documentos diários.
• Medir sentimento do mercado: interpreta o humor de redes sociais, portais de notícias e relatórios setoriais.
De acordo com o professor, essas funcionalidades oferecem vantagem competitiva num ambiente marcado por elevada volatilidade e volume crescente de dados.
Limites regulatórios e desafios de confiabilidade
Apesar da expansão, a tecnologia enfrenta restrições. Regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige certificação específica para recomendações de investimento, impedindo que a IA emita sugestões finais de compra ou venda. “O papel da ferramenta, por enquanto, é apoiar decisões, não tomá-las”, afirma Santos.
Além do arcabouço regulatório, a precisão das respostas permanece um ponto de atenção. O economista relata casos em que os sistemas retornam informações desatualizadas ou confundem linguagem informal, ironia e sarcasmo — fatores que podem distorcer análises de sentimento. Ele defende a checagem humana como etapa obrigatória antes de qualquer decisão relevante.
Complemento, não substituição
Santos destaca que a IA deve atuar como suporte ao julgamento especializado. A combinação entre processamento automatizado de grandes volumes de dados e avaliação crítica do profissional é vista como o caminho para reduzir riscos e explorar oportunidades de forma mais eficiente.