Governo prepara 7 de Setembro com foco em “Brasil soberano” durante julgamento de Bolsonaro

O Palácio do Planalto definiu “Brasil soberano” como tema central das comemorações de 7 de Setembro deste ano. O slogan será apresentado enquanto a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal inicia, em 2 de setembro, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de militares e de aliados acusados de organização de tentativa de golpe de Estado em 2022.
Integrantes próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que a palavra de ordem reforça a defesa da independência nacional em meio à ofensiva do governo de Donald Trump, que aplicou tarifa extra de 50% a produtos brasileiros e impôs sanções a autoridades do país. Segundo auxiliares, o governo também pretende retomar símbolos patrióticos que, nos últimos anos, ficaram associados ao bolsonarismo.
Estrutura do desfile cívico-militar
O desfile na Esplanada dos Ministérios será organizado pela Casa Civil com apoio do Comando Militar do Planalto. A licitação para a montagem das estruturas está na fase final, e a empresa Palestino Estrutura e Eventos Ltda foi declarada vencedora, por R$ 4,3 milhões. O contrato prevê cinco tribunas para autoridades e familiares e 15 arquibancadas para o público, totalizando capacidade para 30 mil pessoas. Serão instaladas ainda tendas de apoio, área de imprensa e barreiras de segurança.
O Exército mobilizará cerca de 2 mil militares, veículos blindados e aeronaves. Apesar da proximidade com o julgamento no STF, oficiais-generais consultados minimizam riscos à segurança, mas demonstram preocupação de que manifestações pró-Bolsonaro ofusquem o desfile oficial.
Coincidência com julgamento no STF
A corte deve começar a avaliar o caso Bolsonaro em 2 de setembro, com expectativa de sentença apenas na semana seguinte. Militares lembram que o ex-presidente usou atos de 7 de Setembro para atacar o Supremo e temem novos protestos nessa linha. Mesmo assim, um ministro de Lula afirma que o governo não recuará e usará a data para reforçar patriotismo e soberania.
Pronunciamento presidencial em estudo
Ainda não há definição sobre pronunciamento em rede nacional, mas a possibilidade é considerada. Em 2024, Lula usou o espaço para criticar o empresário Elon Musk, então envolvido em embate com o ministro Alexandre de Moraes. Em julho deste ano, o presidente também falou em cadeia nacional contra o “tarifaço” anunciado por Trump, defendendo a “pátria soberana” e afirmando que “o Brasil tem um único dono, o povo brasileiro”.
Atos populares e mobilização social
Centrais sindicais, movimentos populares e o PT planejam manifestações em ao menos 18 capitais sob o lema “povo independente é povo soberano”. O maior ato deverá ocorrer na Praça da República, em São Paulo. Os organizadores pretendem denunciar o “tarifaço” dos EUA, apoiar o Judiciário brasileiro e defender pautas como isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, taxação de super-ricos, fim da jornada 6×1 e rejeição a anistia dos condenados pelos ataques de 8 de janeiro.

Nas redes sociais, grupos de esquerda divulgam frases como “Brasil soberano” e “quem manda no Brasil é o povo brasileiro”, recuperando as cores da bandeira nacional. Líderes como Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, destacam que a data colocará “dois campos políticos nas ruas”: a direita, apoiando o tarifaço e a ingerência dos EUA, e a esquerda, defendendo soberania, democracia e direitos sociais.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro convocam atos contra o STF para o mesmo dia. Integrantes das Forças Armadas admitem receio de que os protestos chamem mais atenção que o desfile, mas reforçam que não há alerta de segurança elevado.
Com o mote de soberania no centro do 7 de Setembro, o governo Lula busca reafirmar símbolos patrióticos e responder à conjuntura externa e interna. Resta definir se Lula discursará em rede nacional, mas o Planalto já se organiza para ocupar a Esplanada e as capitais com a mensagem de que a independência do país passa pela defesa de seus interesses e instituições.
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Com informações de Folha de S.Paulo