Reunidos por mais de duas horas na residência do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), dez chefes de Executivo estaduais discutiram, nesta quinta-feira (7), saídas para a tensão política interna e para o conflito comercial com os Estados Unidos. Ao término do encontro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falou em nome do grupo e defendeu concessões mútuas entre os Poderes da República.
Papel do Congresso na desescalada
Tarcísio apontou a votação de um projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 como passo decisivo para reduzir a crise. Segundo ele, “o Congresso Nacional precisa ter tranquilidade e autonomia para legislar sem pressão”. A posição foi respaldada pelos governadores Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Mauro Mendes (União-MT), que classificaram a medida como reflexo da vontade da maioria parlamentar.
Os governadores criticaram declarações recentes dos presidentes da Câmara e do Senado, considerados obstáculos à análise do tema. Caiado sugeriu que processos ligados à tentativa de golpe sejam julgados pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, e não por turmas, para ampliar a legitimidade das decisões.
Críticas à política externa e reação ao “tarifaço”
Além das questões institucionais, o grupo avaliou o aumento de 50 % nas tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, anunciado na quarta-feira (6). Tarcísio afirmou ter ficado acertado o reforço do diálogo com líderes partidários para que o Congresso assuma protagonismo na resposta à medida. Ele classificou como “imprudente” a condução do Executivo federal nas relações com Washington.
Caiado reforçou a necessidade de o governo federal liderar negociações diretas com a Casa Branca. Os governadores aguardam um pacote de ações econômicas antes de definir novas iniciativas. Questionado sobre a ausência de parte dos chefes estaduais em reunião convocada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Mendes disse que não houve confirmação suficiente de participantes, resultando no cancelamento do encontro.

Participantes da reunião
Estiveram presentes Jorginho Mello (PL-SC), Ratinho Junior (PSD-PR), Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Wilson Lima (União-AM) e, por videoconferência, Eduardo Leite (PSDB-RS). Mauro Mendes afirmou ter convidado apenas governadores alinhados à direita para, segundo ele, garantir afinidade na discussão.
Tarcísio resumiu a posição do grupo: “Nenhum Poder deve se sobrepor a outro; todos precisam ceder um pouco”. Indagado sobre como o Judiciário poderia fazer concessões no julgamento de ações penais, o governador paulista não detalhou respostas.