General nega plano de golpe e relata ter acalmado Bolsonaro após queixas sobre eleição

Brasília, 28 de outubro de 2025 — O general da reserva Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o então presidente Jair Bolsonaro apenas manifestou insatisfação com o processo eleitoral durante encontro realizado em 9 de dezembro de 2022.
Depoimento no STF
Theophilo prestou depoimento nesta segunda-feira (28) como réu em ação que investiga uma suposta trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o militar, a reunião com Bolsonaro no Palácio da Alvorada durou cerca de 30 minutos e foi marcada por um “monólogo” do ex-chefe do Executivo, que reclamou de restrições impostas pela Justiça Eleitoral, incluindo limitações a transmissões ao vivo durante a campanha.
De acordo com o general, não houve proposta de mobilização das Forças Armadas. Ele contou ter seguido orientação do então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, para tranquilizar Bolsonaro: “Disse que o período eleitoral havia terminado e que o país deveria seguir seu curso normal”.
Acusações e evidências
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Theophilo aderiu a um grupo que planejava acionar tropas terrestres contra o resultado das urnas. Entre os indícios citados está o relato do tenente-coronel Mauro Cid, que teria ouvido do general a frase “se o presidente assinar, o Exército vai cumprir”. Mensagens de Cid a colegas também foram anexadas ao processo.
A defesa do militar destaca que a Polícia Federal apreendeu o seu telefone celular e não encontrou conversas que o comprometessem. O próprio Theophilo declarou não ter recebido documentos ou instruções ilegais e enfatizou não possuir comando de tropas na época.

Outros interrogatórios
Além de Theophilo, o STF ouve nesta fase nove outros réus, entre coronéis, tenentes-coronéis e um policial federal. Todos respondem por suposta participação na articulação que, segundo a PGR, buscava impedir a transferência de poder em 2023.
Theophilo encerrou o depoimento afirmando que a acusação de adesão a plano golpista é “inexequível”, pois contrariaria sua trajetória de 45 anos no Exército.