Freire Gomes, ex-comandante do Exército, foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes como peça-chave para impedir a ruptura institucional planejada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante sessão nesta terça-feira (9), no Supremo Tribunal Federal, o magistrado destacou que Gomes e o então chefe da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Jr., “se recusaram a praticar e efetivar o golpe”, gesto que Moraes classificou como motivo de “orgulho e admiração” às Forças Armadas.
O elogio contrasta com momentos anteriores em que ambos eram investigados pela Polícia Federal por possível omissão frente à articulação golpista. Em junho, Moraes chegou a repreender Gomes em depoimento no STF ao perceber divergências entre o relato do general e declarações prestadas à PF.
Freire Gomes é citado por Moraes como pilar do antigolpe
No relatório preliminar da PF, de novembro de 2023, havia indícios de que os dois comandantes tinham conhecimento das chamadas “minutas do golpe” e nada fizeram para denunciá-las. A corporação atribuiu peso decisivo à nota conjunta assinada pelas três Forças em 11 de novembro de 2022, a qual defendia o papel “moderador” dos militares e não condenava abertamente os acampamentos instalados em frente aos quartéis.
O texto, difundido enquanto manifestantes pediam intervenção militar, ressaltava que “manifestação crítica aos poderes constitucionais não é crime”. A declaração foi saudada por grupos bolsonaristas como sinal verde para manter os protestos e pressionar o Judiciário.
Apesar disso, o relatório final da PF, a denúncia da Procuradoria-Geral da República e o voto de Moraes concluíram que Gomes e Baptista Jr. foram decisivos para bloquear o plano golpista ao recusarem apoio logístico às intenções de Bolsonaro.
Mesa ambígua, porém, marcou o fim de 2022. Gomes ordenou ao general Gustavo Dutra que suspendesse operação de retirada dos acampamentos em 29 de dezembro, receoso de reação do então presidente. O comandante também participou da reunião ministerial de 5 de julho de 2022, na qual Bolsonaro voltou a questionar o sistema eleitoral, e visitou o Palácio da Alvorada pelo menos 13 vezes após a derrota do chefe do Executivo.
Análises de especialistas em Direito Constitucional, como as divulgadas pelo Consultor Jurídico, reforçam que o veto de militares de alta patente foi determinante para fracassar a tentativa de golpe.
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Crédito da imagem: Evaristo Sá/AFP
