Figma busca avaliação de até US$ 16,4 bilhões em IPO na Nyse

A plataforma de design colaborativo Figma divulgou um prospecto atualizado na segunda-feira, 21 de julho de 2025, detalhando os termos de sua oferta pública inicial na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). O documento prevê a emissão de 37 milhões de ações ordinárias, a um preço estimado entre US$ 25 e US$ 28 por papel. Caso a precificação atinja o teto da faixa, a operação poderá movimentar cerca de US$ 1 bilhão, considerando recursos captados pela companhia e vendas secundárias de acionistas.
Com base nesses valores, a avaliação de mercado da Figma pode variar de US$ 14,6 bilhões a US$ 16,4 bilhões no momento da listagem. Entre os vendedores de ações está o cofundador e diretor-presidente Dylan Field, que planeja alienar 2,35 milhões de papéis. Ao preço máximo proposto, a participação ofertada por Field representaria aproximadamente US$ 65,8 milhões.
A companhia protocolou o pedido de abertura de capital em 1º de julho e pretende negociar seus ativos sob o ticker FIG. O lançamento acontece em um cenário de retomada gradual dos IPOs de tecnologia nos Estados Unidos, depois de um período de retração iniciado no fim de 2021. Incertezas sobre inflação, juros e risco de recessão vinham reduzindo o apetite de investidores por empresas ainda em estágio de expansão. No entanto, operações recentes de empresas como Circle — emissora da stablecoin USDC — e CoreWeave — provedora de infraestrutura para inteligência artificial — sinalizaram uma reabertura da janela de mercado, o que encorajou a Figma a avançar.
Fundada em 2012 por Dylan Field e Evan Wallace, a Figma desenvolve software baseado em nuvem que permite a equipes criarem interfaces de usuário, wireframes, protótipos e sistemas de design em tempo real diretamente no navegador. A proposta colaborativa levou o serviço a ser comparado ao modelo do Google Docs, só que voltado para design. O produto ganhou relevância entre designers, desenvolvedores e profissionais de marketing de grandes empresas de tecnologia, tornando-se ferramenta essencial no fluxo de criação de aplicações digitais.
A adoção acelerou durante a pandemia de Covid-19, período em que o trabalho remoto aumentou a demanda por soluções colaborativas acessíveis pela web. A oferta freemium da Figma — com recursos gratuitos básicos — atraiu usuários iniciais, enquanto o plano pago, lançado em 2018 com foco no mercado corporativo, passou a sustentar a receita recorrente e a expansão do negócio. Nesse segmento, os principais concorrentes da companhia são a Adobe, líder tradicional no setor, e o Canva, plataforma australiana que popularizou a criação gráfica simplificada.
Em 2022, a Adobe chegou a firmar acordo para comprar a Figma por US$ 20 bilhões, numa tentativa de reforçar seu portfólio diante do avanço de soluções baseadas em navegador. A transação acabou cancelada depois de órgãos regulatórios dos Estados Unidos manifestarem preocupações com possíveis efeitos anticompetitivos.
Os números preliminares do segundo trimestre de 2025, apresentados junto ao prospecto, indicam receita entre US$ 247 milhões e US$ 250 milhões, resultado que representaria crescimento de cerca de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro operacional projetado varia de US$ 9 milhões a US$ 12 milhões, o que corresponde a margem de 4% a 5% — acima dos 3% registrados um ano antes. Mesmo com rentabilidade ainda limitada, os indicadores reforçam o movimento de transição da empresa para resultados positivos em bases trimestrais.
Para fortalecer a governança antes da estreia no mercado de capitais, a Figma anunciou a entrada de novos membros no conselho de administração. Entre os nomes confirmados estão Mike Krieger, cofundador do Instagram e atual diretor de produtos da Anthropic, e Luis von Ahn, cofundador e presidente-executivo da plataforma de educação Duolingo. Os executivos se juntarão ao grupo responsável por orientar a estratégia e supervisionar a condução de longo prazo da companhia.
O desempenho da Figma no pregão será acompanhado de perto por investidores e demais empresas de software, que enxergam na operação um termômetro para a precificação de ativos de tecnologia colaborativa. Caso a faixa indicativa seja mantida e a demanda supere a oferta, a empresa inaugurará uma nova referência de valor para o segmento de design em nuvem, um mercado que evoluiu rapidamente na última década e continua a atrair capital em função da digitalização de processos de criação.
Se concluído conforme previsto, o IPO marcará a transição da Figma de uma startup de capital fechado, financiada majoritariamente por fundos de venture capital, para uma companhia de capital aberto com acesso direto ao mercado de ações. A captação deverá apoiar investimentos em pesquisa, desenvolvimento de novos produtos e expansão internacional, além de oferecer liquidez a investidores e colaboradores que apoiaram a empresa desde os estágios iniciais.