Fifa mantém Mundial de Clubes para 2029 apesar de pressão por formato bienal

A realização do Mundial de Clubes da FIFA a cada dois anos voltou a ser debatida por dirigentes de grandes equipes europeias e sul-americanas, mas, por enquanto, a entidade máxima do futebol descarta alterar o calendário. Fontes ligadas à federação informaram que a proposta é considerada inviável no momento, sobretudo por questões financeiras e políticas, de modo que a próxima edição segue programada apenas para 2029.
Interesse de clubes e conversas informais
A discussão ganhou força durante o mais recente Mundial de Clubes, disputado nos Estados Unidos. Em encontros paralelos à competição, representantes de clubes como Real Madrid e Palmeiras conversaram com dirigentes da FIFA sobre a possibilidade de transformar o torneio em um evento bienal. Apesar das manifestações favoráveis, nenhum pedido oficial foi protocolado até agora.
O argumento dos clubes é que a maior frequência poderia gerar benefícios técnicos, possibilitando confrontos internacionais com regularidade maior, e ganhos financeiros expressivos, já que o torneio distribui premiações milionárias. Atualmente, porém, a ideia não avança além de contatos informais.
Alinhamento entre Real Madrid e Palmeiras
Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, lidera o grupo que defende o novo calendário. Entre os sul-americanos, a principal voz é Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Em entrevista à CNN, ela relatou ter tratado do tema diretamente com Gianni Infantino, presidente da FIFA, e declarou apoio à sugestão do dirigente espanhol.
Leila enfatizou o valor esportivo de encontros entre clubes de continentes distintos. Para a dirigente, um Mundial de Clubes mais frequente elevaria o nível de competitividade, daria maior visibilidade ao futebol sul-americano e criaria novas oportunidades de receita para as equipes envolvidas.
Premiações bilionárias dificultam novo formato
O principal obstáculo, segundo fontes consultadas pela ESPN, é financeiro. O Mundial de 2025 distribuiu mais de US$ 1 bilhão em prêmios. O Chelsea, campeão daquela edição, recebeu US$ 114,6 milhões, enquanto o vice Real Madrid levou US$ 82,5 milhões. Sustentar montantes dessa magnitude a cada dois anos exigiria receitas constantes, algo que, na avaliação da FIFA, não seria viável no cenário atual.
Além do impacto direto sobre o orçamento da entidade, a mudança levantaria dúvidas sobre captação de patrocinadores, venda de direitos de transmissão e retorno comercial para os clubes. A necessidade de garantir verbas bilionárias em curto intervalo é vista como um risco relevante.
Resistências políticas e conflito de calendário
Outro ponto crítico é a sobreposição de datas com competições já consolidadas. A UEFA organiza anualmente a Liga dos Campeões e, a cada quatro anos, a Eurocopa. Adicionar um Mundial de Clubes bienal aumentaria a disputa por espaço no calendário internacional, pressionando federações, ligas nacionais e atletas.
A FIFA teme que a mudança gere atritos com a UEFA, responsável por parte significativa das receitas globais do futebol, e complique negociações com confederações de outros continentes. Assim, mesmo dirigentes favoráveis reconhecem que seria necessário um acordo amplo para evitar conflitos institucionais.
Próxima edição confirmada apenas para 2029
Diante dos impasses, a entidade mantém o planejamento original: a próxima edição do Mundial de Clubes acontecerá em 2029. A sede ainda não foi definida, mas Qatar, Brasil e Espanha demonstraram interesse em receber o torneio, alegando capacidade de infraestrutura e atratividade turística.
Nesse modelo, a periodicidade permanece quadrienal, o que reduz a pressão financeira sobre a federação e facilita a adequação ao calendário internacional. Ainda assim, a discussão sobre a frequência bienal não está encerrada e pode voltar à pauta caso surjam propostas capazes de viabilizar economicamente a competição.
Perspectivas
Por ora, a FIFA prefere preservar o formato atual e concentrar esforços na organização do Mundial de 2029. Enquanto isso, clubes como Real Madrid e Palmeiras continuam articulando, ainda que de maneira informal, opções para tornar o evento mais frequente. O avanço de qualquer alteração dependerá, sobretudo, da capacidade de garantir recursos financeiros equivalentes aos patamares atuais e de alinhar interesses entre confederações, ligas e federações nacionais.
Até que esses pontos sejam solucionados, a federação mantém a posição de não alterar a periodicidade. O debate, contudo, deve permanecer ativo nos bastidores, impulsionado pelos potenciais ganhos esportivos e comerciais apontados pelos clubes interessados.