Tecnologia

Expansão de data centers de IA acende alerta sobre água e energia nas cidades

A corrida global pela inteligência artificial acelera a construção de gigantescos data centers, mas os impactos sobre recursos hídricos e elétricos preocupam comunidades e especialistas.

Projetos bilionários multiplicam consumo

Em 22 de julho de 2025, OpenAI e Oracle anunciaram a inclusão de mais 4,5 GW ao projecto Stargate, que poderá alcançar 10 GW de capacidade e envolver cerca de US$ 500 milhões em investimentos. A iniciativa pretende reforçar a posição dos Estados Unidos no sector de IA.

No Brasil, empreendimentos de grande porte avançam num ritmo semelhante. Em Caucaia (CE), o TikTok planeia um complexo que, segundo estimativas, gastará diariamente a mesma energia utilizada por 2,2 milhões de habitantes e exigirá elevado volume de água para refrigeração — num município marcado por longos períodos de seca.

Regiões vulneráveis sentem efeitos diretos

Outro caso emblemático é o AI City, da Scala Data Center, em Eldorado do Sul (RS). O investimento inicial de R$ 3 milhões prevê 54 MW de potência, mas o projeto pode chegar a 4.750 MW, equivalente ao consumo de todo o estado do Rio de Janeiro. Produtores de arroz temem disputar água com a instalação, enquanto comunidades indígenas próximas relatam falta de consulta prévia.

Dados do Ministério de Minas e Energia indicam que, dos 21 pedidos para operações de alto consumo formalizados em 2024, sete eram destinados a data centers, refletindo a escalada da procura por infraestrutura energética adequada.

Escolha do local determina impacto

Especialistas apontam que proximidade a cabos submarinos, existência de fontes renováveis e clima ameno influenciam a seleção dos sites. Regiões frias reduzem a necessidade de sistemas de resfriamento, enquanto áreas urbanas possibilitam reutilizar o calor gerado em edifícios vizinhos, diminuindo desperdícios e custos de infraestrutura.

Mesmo com promessas de emprego e desenvolvimento, moradores de Caucaia e Eldorado do Sul questionam a transparência dos estudos ambientais e a rapidez na concessão de licenças. A ausência de garantias formais de retorno para a população local amplia a resistência aos projetos.

A discussão sobre sustentabilidade dos centros de dados tende a ganhar força à medida que mais instalações entram em funcionamento, pressionando governos e empresas a equilibrar crescimento tecnológico com gestão responsável de água e energia.

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