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Estudo da Unicamp indica transmissão urbana do vírus Mayaro em Roraima

Campinas, 12 de março de 2024 — Pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmaram a circulação do vírus Mayaro entre habitantes de Roraima e apontaram indícios de um ciclo de transmissão fora das áreas de mata.

Circulação entre humanos

O grupo analisou 822 amostras de pacientes com febre encaminhadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima entre 2018 e 2021. Em 3,4% delas foi detectado o Mayaro. Os casos envolveram moradores que não relataram atividades em ambientes silvestres, o que reforça a hipótese de propagação urbana.

Coordenador do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE), José Luiz Proença Módena explica que 60% das amostras testaram negativo para os oito vírus avaliados, sinalizando a possível presença de patógenos ainda não identificados. O trabalho foi publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases e integrou o mestrado da bióloga Júlia Forato.

Risco de expansão nas cidades

Tradicionalmente, o Mayaro é transmitido pelo mosquito Haemagogus janthinomys, típico de florestas. Ensaios de laboratório já demonstraram, contudo, que o Aedes aegypti — vetor da dengue e comum em áreas urbanas — pode ser infectado pelo vírus. Caso essa competência se confirme em campo, a doença poderá alcançar populações que nunca tiveram contato prévio com o agente.

Estudo da Unicamp indica transmissão urbana do vírus Mayaro em Roraima - Imagem do artigo original

Segundo os pesquisadores, desmatamento, queimadas, garimpo e fluxo migratório intenso criam condições favoráveis ao aparecimento e à disseminação de vírus na região amazônica. O Mayaro provoca febre, dores musculares e articulares semelhantes à chikungunya, podendo evoluir para complicações neurológicas e hemorrágicas. Não há vacina nem tratamento específico.

Importância da vigilância

Módena ressalta que a diversidade biológica do Brasil o coloca entre os principais pontos de emergência de novos vírus, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Ele defende investimentos contínuos em vigilância laboratorial para identificar precocemente agentes desconhecidos e prevenir surtos de maior impacto.

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