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Governo Lula usa investida de Trump para disputar bandeira patriótica com bolsonaristas

Integrantes do Palácio do Planalto avaliam que as recentes medidas do ex-presidente norte-americano Donald Trump contra o Brasil abriram espaço para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliar a própria inserção em temas tradicionalmente associados ao bolsonarismo, como soberania nacional e patriotismo.

Tarifas e sanções como gatilho político

A ofensiva de Trump inclui uma sobretaxa de 50 % sobre exportações brasileiras e a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Apesar do potencial impacto econômico, auxiliares de Lula enxergam a ação como oportunidade para colar no adversário Jair Bolsonaro o rótulo de “traidor da pátria”, ao retratá-lo como alinhado ao líder da maior potência mundial contra interesses brasileiros.

Segundo fontes do governo, o discurso vem sendo reforçado em campanhas digitais que destacam “Brasil para os brasileiros” e conteúdos como “soberania nacional explicada por bichinhos”, visualizado mais de 5 milhões de vezes no Instagram.

Popularidade e reação no Congresso

Lula chegou a 41 % de reprovação em fevereiro de 2025, mas recuperou fôlego após campanhas online que o apresentaram como defensor dos pobres contra Congresso e empresários. A validação, pelo Supremo, de parte do decreto que elevou o IOF contribuiu para esse movimento.

Com a volta do Legislativo na próxima semana, o Planalto pretende retomar a proposta de isentar Imposto de Renda para salários até R$ 7.350, financiada pela tributação dos mais ricos. A estratégia busca conter a rejeição de classe média e assegurar alianças ao centro para 2026.

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Pix vira símbolo de soberania

A investigação comercial aberta por Trump, que questiona o Pix como prática desleal, também foi incorporada ao discurso governista. A peça “Por Que o Pix Incomoda” superou 4 milhões de visualizações e reforça a narrativa de que o sistema de pagamentos eletrônico é um patrimônio nacional ameaçado por interesses externos.

Contramovimento bolsonarista

Parlamentares ligados a Bolsonaro preparam protestos com o mote “fora Lula e fora Moraes” para este domingo (3). Vídeos de convocação, como o do deputado Nikolas Ferreira, já ultrapassaram 8 milhões de visualizações. O grupo tenta responsabilizar Lula e Moraes pelo aumento tarifário e pressiona Câmara e Senado por pautas como anistia aos condenados de 8 de Janeiro e limitações ao Supremo.

Próximos passos

Dentro do governo, a ordem é manter a disputa simbólica: combinar justiça tributária com defesa da soberania para conquistar segmentos antes dominados pelos bolsonaristas. Se a estratégia render ganhos de popularidade, o Planalto aposta em atrair legendas de centro ou, no mínimo, impedir sua adesão formal ao projeto de Bolsonaro em 2026.

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