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Embraer alcança maior carteira de pedidos em oito anos, mas tarifas dos EUA preocupam

São Paulo, 22 de julho de 2025 — A Embraer divulgou uma carteira de pedidos firmes de US$ 29,7 bilhões no segundo trimestre de 2025, o maior patamar desde 2017 e 40 % acima do resultado de um ano antes.

Carteira de pedidos atinge pico histórico

O aumento foi impulsionado por encomendas de 60 jatos E175 da norte-americana SkyWest e de 45 unidades E195-E2 da escandinava SAS. Somados, esses contratos elevaram a relação book-to-bill para 1,8 vez nos últimos 12 meses. No segmento comercial, o backlog chegou a US$ 13,1 bilhões, crescimento de 31 % sobre o trimestre anterior e 16 % em comparação anual, com relação book-to-bill de 6,6 vezes devido à forte demanda pela família E2.

No setor de Defesa, os pedidos totalizam US$ 4,3 bilhões, avanço anual de 255 % que inclui 32 aeronaves KC-390 Millennium e 30 A-29 Super Tucano. O montante ainda não contabiliza oito KC-390 vendidos a Portugal, Suécia e Eslováquia, nem quatro A-29 adquiridos pelo Panamá. A Lituânia também manifestou interesse em três KC-390 adicionais, operação estimada em US$ 375 milhões.

Já a aviação executiva registrou leve retração no backlog, reflexo da base de comparação elevada após a entrega de jatos à Flexjet. Para cumprir o guidance, a companhia precisará entregar 89 jatos executivos no segundo semestre, volume 5 % superior ao realizado há um ano.

Risco de tarifas de 50 % nos EUA gera cautela

Apesar do avanço nas encomendas, bancos de investimento veem risco relevante caso o governo norte-americano aplique a tarifa de 50 % às importações de aviões brasileiros a partir de 1.º de agosto. O Citi alerta para possível adiamento de entregas, enquanto o Itaú BBA calcula que até metade da receita da Embraer pode ser afetada. O Bradesco BBI acrescenta que a medida pode limitar novos contratos, comprometendo o momento positivo observado no backlog.

O JP Morgan chamou atenção para o valor da carteira ficar abaixo da própria projeção de US$ 33 bilhões, atribuindo a diferença a preços médios menores do que o esperado. Ainda assim, analistas do Safra e da XP destacam que a forte demanda por jatos E1 e E2 melhora a visibilidade de receitas de longo prazo e ajuda a mitigar incertezas macroeconómicas.

Com o recorde de pedidos e a ameaça de novas tarifas, a Embraer navega entre expectativas de crescimento e um cenário externo que pode redefinir suas entregas ao principal mercado consumidor.

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