Deputado italiano nega entrega voluntária de Zambelli e revela como prisão ocorreu

Roma, 30 jul. 2025. O parlamentar italiano Angelo Bonelli, da coligação Verde e de Esquerda, afirmou que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) não se apresentou espontaneamente à polícia de Roma, contrariando a versão divulgada pela defesa da brasileira.
Alerta e detenção em poucas horas
Segundo Bonelli, o endereço de Zambelli chegou ao seu conhecimento às 18h40 de terça-feira (13h40 no horário de Brasília). Cerca de uma hora depois, ele comunicou a informação às autoridades italianas. “Às 21h, fui informado de que os agentes haviam encontrado Zambelli no apartamento indicado”, declarou.
A prisão ocorreu num imóvel localizado no bairro Aurélio, zona oeste da capital italiana, a aproximadamente dez quilómetros da estação Termini. Zambelli estava foragida havia quase dois meses para evitar a pena de dez anos de reclusão imposta pela Justiça brasileira por invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça.
Processo de extradição e posições políticas
Com a detenção, o caso segue agora para análise do Judiciário italiano e do Ministério da Justiça. A decisão final sobre a extradição caberá ao governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, que ainda não se pronunciou. Vice—premiês como Matteo Salvini, próximo de Jair Bolsonaro, já manifestaram apoio público à ex-parlamentar brasileira.
Bonelli avaliou que setores da direita tentarão transformar o episódio em controvérsia política, levantando a hipótese de perseguição judicial no Brasil. Ele alertou que um eventual bloqueio à extradição criaria “grave conflito” entre os dois países, pois Zambelli foi condenada por crime comum, não por opinião.

Ameaças e medidas de segurança
Desde que divulgou a prisão nas redes sociais, o deputado italiano relatou ter recebido dezenas de mensagens com insultos e ameaças de morte, presumivelmente de usuários brasileiros. Bonelli informou que apresentará queixa formal às autoridades locais.
Enquanto isso, a defesa de Zambelli procura impedir a extradição, alegando dupla cidadania ítalo-brasileira. A Constituição italiana, contudo, permite a entrega de nacionais quando há tratados de cooperação judicial, como no caso em questão.