Deputado italiano desmente entrega voluntária de Carla Zambelli e detalha prisão em Roma

A versão de que a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) teria se apresentado espontaneamente à polícia italiana foi contestada pelo deputado Angelo Bonelli, do partido Verde e de Esquerda. Segundo o parlamentar, a brasileira foi localizada após ele informar o endereço onde ela se escondia em Roma.
Como a detenção foi conduzida
Bonelli declarou ter recebido, por volta das 18h40 de terça-feira (29), o endereço de Zambelli no bairro Aurélio, zona oeste da capital italiana. Cerca de uma hora depois, avisou a polícia. Às 21h, agentes bateram à porta do apartamento e efetuaram a prisão. A defesa da deputada no Brasil, representada pelo advogado Fabio Pagnozzi, havia divulgado que ela se entregara voluntariamente, informação classificada como “falsa” pelo parlamentar italiano.
Zambelli estava foragida havia quase dois meses para evitar a pena de dez anos de prisão imposta pela Justiça brasileira pelo envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Próximos passos do processo de extradição
A prisão ainda precisa ser validada pelo Judiciário italiano. Confirmada a legalidade, abre-se o processo de extradição, que passa pelo Ministério da Justiça e, posteriormente, pelo governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, responsável pela decisão final. Até o momento, Meloni não se manifestou. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, também evitou comentários.

O vice-premiê Matteo Salvini, aliado da ultradireita e simpatizante da família Bolsonaro, declarou intenção de visitar Zambelli na prisão. Bonelli afirmou que setores da direita italiana podem tentar transformar o caso em disputa política, levantando a tese de perseguição judicial para impedir a extradição.
Ameaças e histórico de acompanhamento
Após divulgar nas redes sociais detalhes da operação, Bonelli relatou ter recebido insultos e ameaças de morte de perfis supostamente brasileiros e informou que fará denúncia às autoridades. Ele acompanha o caso desde junho, quando Zambelli anunciou que viajaria para a Itália por possuir dupla cidadania. O deputado já protocolou dois pedidos formais de esclarecimento ao governo italiano, que, em 16 de julho, respondeu não conhecer a localização da parlamentar e informou que seu nome não constava na lista da Interpol na data de entrada no país.