Defesa de Bolsonaro destaca supostas falhas da acusação e tenta reduzir importância da “minuta do golpe”

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Brasília – O advogado Celso Vilardi concentrou-se em três frentes para sustentar a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira (3): o plano de assassinato de autoridades “Punhal Verde Amarelo”, os atos de 8 de janeiro de 2023 e a chamada “minuta do golpe”. Segundo ele, nenhuma delas comprova participação direta do cliente.

Argumentos sobre “Punhal Verde Amarelo”

Vilardi alegou ausência de vínculo entre Bolsonaro e o documento elaborado no computador do general da reserva Mario Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência. O arquivo, impresso em 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, listava etapas e armamento para matar Alexandre de Moraes, Lula, Geraldo Alckmin e o ex-ministro José Dirceu.

A Polícia Federal constatou que, 40 minutos após a impressão, Fernandes foi ao Palácio da Alvorada. Em 9 de dezembro, um dia após outra visita à residência oficial, o general enviou mensagem a Mauro Cid informando que Bolsonaro aceitara “o nosso assessoramento”. Apesar desses indícios, a defesa sustenta que não há prova de que o então presidente tenha discutido o plano.

8 de Janeiro sob questionamento

O procurador-geral da República descreve a invasão às sedes dos três Poderes como ápice de uma trama iniciada em 29 de junho de 2021. Para a acusação, a leniência com acampamentos golpistas criou ambiente favorável ao ato. Vilardi rebateu: “Não há uma única prova que vincule o presidente ao Punhal Verde Amarelo, à Operação Luneta e ao 8 de Janeiro”. O defensor também acusou Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator, de mentir contra Bolsonaro.

Foco na “minuta do golpe”

O ponto mais sensível para a defesa é a minuta de decreto que previa medidas para anular a vitória de Lula e manter Bolsonaro no cargo. Uma versão foi apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres, enquanto outras teriam sido discutidas com as Forças Armadas.

De acordo com depoimentos de comandantes militares e de Cid, Bolsonaro apresentou o texto às cúpulas do Exército, Marinha e Aeronáutica em 7 de dezembro de 2022. Em 9 de dezembro, possivelmente mostrou o conteúdo ao general Estevam Theophilo, comandante de Operações Terrestres do Exército. Nova reunião ocorreu em 14 de dezembro, conduzida pelo então ministro da Defesa Paulo Sérgio.

O general Freire Gomes (Exército) e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) teriam recusado aderir ao plano, enquanto o almirante Almir Garnier Santos (Marinha) sinalizou apoio e hoje é réu no mesmo processo.

Defesa de Bolsonaro destaca supostas falhas da acusação e tenta reduzir importância da “minuta do golpe” - Imagem do artigo original

Mensagens apreendidas indicam que Freire Gomes e Baptista Junior passaram a ser alvo de ataques virtuais por não endossarem o golpe. Diante do material, Bolsonaro admitiu ter analisado “medidas dentro das quatro linhas da Constituição”, sem explicar por que as considerava em cenário sem anormalidade institucional.

Ao tentar minimizar o peso da minuta, Vilardi afirmou que as conversas limitaram-se a uma única reunião e que demais relatos são fruto da colaboração premiada de Cid, cuja credibilidade ele questiona. “Se a acusação é levar a minuta para os comandantes e eles não apoiaram, o que aconteceu em 15 de dezembro? Onde está o 8 de Janeiro?”, indagou.

O julgamento prossegue com a análise dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que decidirão se acolhem ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro e demais envolvidos.

Para acompanhar outras reportagens sobre o cenário político, visite nossa seção de notícias.

Com informações de Folha de S.Paulo

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